12.3.09

A Última Vez

Me lembro da última vez. Você saiu do banho naquele seu roupão laranja com uma toalha enrolada na cabeça. Sorria e me pedia calma: “Primeiro, quero secar o cabelo”. Eu estava deitado na cama. Te observava. Não dizia nada. Você nunca secou o cabelo na sua vida.
Desenrolou a toalha devagarinho e começou a puxar as mechas de cabelo entre o tecido, ora esfregando, ora dando tapinhas. Eu te chamava. Você nem olhava pra mim. Só sorria e me mandava esperar. Enrolou de novo a cabeça com a toalha e, percebendo que eu me mexia, parou ao pé da cama e colocou as mãos na cintura.
O roupão entreaberto revelava seus segredos mais perfeitos. Recostei-me na cabeceira da cama. Você se sentou ao meu lado. Olhou pra mim e me beijou devagar. Não me abraçava. Mantinha suas mãos ao longo de seu corpo. Só sua boca era minha naquele momento. E era o suficiente. Apesar de só os nossos lábios e línguas estarem em contato era como se todo o meu corpo e todo o seu corpo fossem uma coisa só. Talvez os olhos fechados ampliassem essa sensação. De repente senti sua mão por trás do meu pescoço. Puxava meus cabelos. Parou de me beijar e se esticou na cama deitada de costas. Pediu que eu começasse devagar. Sempre usava essa palavra: devagar.
Te observei por alguns segundos. Queria que sua imagem penetrasse minha alma através das minhas retinas. Toquei seus joelhos e você estremeceu. Beijei-os levemente, explorando-os e indo lentamente para a parte de trás de suas pernas. Agora usava vigor, com a boca entreaberta, permitindo minha língua escapar aqui e ali. Subia lentamente pela parte interna de suas coxas. O cheiro, o gosto, a textura da sua pele, tudo me fazia querer morrer naquele instante. Queria levar desse planeta só aquilo. Subia mais e ouvia sua respiração, agora mais profunda. Quando alcancei sua virilha, suas mãos seguravam minha cabeça. Parei de usar os lábios. Troquei o toque da minha pele por assopradas leves. Até que não resisti mais e deixei minha língua penetrar enquanto minhas mãos se divertiam passeando por toda parte do seu corpo a seu alcance.
É difícil descrever o que acontecia nessas horas. Mas me lembro que à certa altura você sempre me interrompia e, entre gemidos, dizia: “Agora!”

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