24.4.10

Just a Gardner

"Hello, little flower. Looking beautiful as always."
"Oh, my favorite gardner! What took you so long?"
"You know, places to go, people to see. I brought you some water."
"I love you, Mr. Gardner."

Some drops of water pour down on the little plant.
They smile at each other.

"I'm always happy when you come."
"No, little plant. I'm always happy when I come.
You're only happy in the sun.
And, right now, all I can give you is shade."
"Mr. Gardner, are you leaving again?"
"You know me better than that.
I'm only little drops of water
Dripping over your stem and beautiful petals...
God, you're so beautiful!
Sometimes, even I wish I could stay.
Farewell, now."
"Bye, Mr. Gardner. I hope you come here again soon."

23.4.10

Insônia

Deito na cama, no escuro. Que paz! Por que não dura?
Rapidamente meus olhos se acostumam e a escuridão agora é claridade que fere meus olhos. Meu corpo, esse sim, não se acostuma. A cama me irrita a pele, a colcha me esfola vivo. Eu me coço, me esfrego contra o lençol. Giro para um lado e vejo a parede me encarando, branca, vazia, sem nada pra dizer. Do outro lado, a porta, que mantenho fechada. Não quero que ninguém me veja assim, sem controle, sem máscara, sem armadura.
Penso em olhar as horas. Sei que não adianta nada. Muito pelo contrário. Saber que horas são provavelmente só vai me deixar mais estressado. Começo a calcular quantas horas dormi na noite passada, na noite retrasada, na última semana... Pra eu olhar as horas, vou ter que abrir o flip do celular e inundar o quarto com aquela luz laranja: mais uma agressão. Meu coração vai disparar e aí então é que eu vou demorar a dormir mesmo.
O ventilador faz aquele ruído incessante. Vou desligar essa merda! Mas pra isso, preciso me levantar. E eu sei que se sair da cama, vou ter taquicardia, meu corpo vai se inundar em adrenalina... já sei como isso acaba: não acaba.
Me levanto e desligo o maldito ventilador. O silêncio agora é quem me incomoda. Meus ouvidos começam a ser comprimidos, estou a 30 metros de profundidade... preciso respirar.
Amanhã tenho que levantar cedo. Muito cedo. Eu devia contar carneirinhos... as horas? Que horas serão agora?
00:34
Que merda! Olhei as horas. Meu olho tá ardendo por causa da luz. Meu coração parece que vai sair pela boca. A coceira volta pelo corpo inteiro. Já arremecei cobertor e lençol para longe. Agora vão os travesseiros e, na sequência, minha bermuda e minha cueca. É insuportável.
Já tem mais de uma hora que eu deitei, com a luz apagada. Estou mergulhado no mais absoluto silêncio. A cama é praticamente um palácio. Quase dois metros de largura só pra eu me esparramar. E eu me sinto completamente desconfortável.
Amanhã tenho que levantar muito cedo. Fecho os olhos, mas não há cola nas minhas pálpebras. Tento ficar bem quieto, bem imóvel. Mantenho os olhos fechados por um longo tempo, mas logo tenho que me mover. Agora são os meus joelhos... tenho a sensação de que vão estalar e os movo. Mas não acontece nada. Tenho a impressão de que a parte de baixo de minhas pernas, a batata, os pés, os tornozelos, não servem pra nada. Simplesmente estão lá para forçar mais os joelhos.
Meus olhos estão secos, como se eu estivesse na frente do computador há horas.
Que horas serão agora?
02:32
Estou cansado. Já não resisto mais. Faça comigo o que quiser. Vou aceitar. Só me deixe dormir. Só por uns minutos...