14.11.16

Eu sou louco!
Me ajuda a gritar!

Eu sou louco
Nasci pra sofrer
Me deixa gozar

Eu sou louco!
Eu quero viver
Eu vou mergulhar

Eu sou louco!
Me prende! Me solta!
Me deixa pirar!

Eu sou louco!
Me ajuda a gritar

3.5.16

Tangencial

Cê é daqui?
Eu moro aqui.
Mas nasceu aqui?
Não. Em Três Corações.
Hum.
Mas morei pouco lá.
Mudou pra cá cedo?
Não. Morei no Rio e em Curitiba antes.
O Rio é uma bagunça.
Como assim?
Não dá pra dirigir lá.
É meio complexo mesmo.
Vou ali tomar um café.

Cachoeira

Vc deitada
Aquele tanto todo
Ali do meu lado
Sinto o cheiro
A temperatura
Não dá só pra por o pé
Tenho que mergulhar

26.3.16

Tá de sacanagem, né?

Ainda ressabiado, incrédulo, testou a porta. Com mais barulho do que gostaria, percebeu que ela estava aberta.

"Já vim até aqui..."

Ao começar a deixar a luz do corredor penetrar no quarto, ouviu gemidos. Continuou abrindo a porta e uma faixa vertical de luz revelou duas mulheres se despindo aos beijos. Uma delas, Yasmim, a menina que tinha acabado de beijar.

De imediato, sua reação seria perguntar o que estava acontecendo. Mas achou mais interessante descobrir por si só. Sem dizer uma palavra, e fazendo o mínimo de barulho possível, entrou no quarto e fechou a porta.

O silêncio e a escuridão. Enquanto seus olhos se acostumavam, disse em voz suave para que elas continuassem. Alguns segundos mais de silêncio e podia ouvir a respiração das duas. Seus olhos começavam a se acostumar e, com a pouca luz que entrava através das cortinas, conseguia identificar Fernanda sendo cavalgada por Yasmim. Yasmim se movia delicadamente, mas como se tivesse um pau e estivesse comendo Fernanda, bem devagarinho. Uma deliciosa encenação. As duas olhavam para ele com cara de fome.

Escorou-se contra a parede às suas costas e deixou seu corpo escorregar até se sentar no chão. O quarto ia se tornando cada vez mais claro. E as duas mais à vontade.

Distinguiu um sorriso nos lábios de Fernanda enquanto ela o chamava:

"Vem..."

13.2.16

sem nome

eu fico incomodado
com esse tanto
que eu nao quero
parar de te olhar
parar de te ouvir
parar de ter você

cada vez q eu pisco
eu bato um retrato
quero congelar cada quadro
cada cara e cada careta
essa imagem

cada vez que eu distraio
que eu não ouvi
eu preciso entender
cada palavra e cada suspiro
essa mensagem

e se desaparece assim
sem vestígio, sem rastro
me pergunto
era miragem?