31.3.11

Nada

Tava eu revirando meu diário e achei essa "entrada". Como às vezes meus quase 5 leitores acham que o que eu escrevo é autobiográfico, o que, diga-se de passagem, não é verdade, resolvi colocar isso aqui. Não tem nada a ver com o que eu tô vivendo no momento, mas achei bacana.

30/07/2009 02:30 a.m.

Hoje eu pensei que talvez se eu tomasse algum remédio, fluoxetina, demoro a digitar essa palavra por que ela é estranha, palavras com x são estranhas. Esse tempo extra que levo para escrever me faz reparar em minhas mãos, meus dedos acertando com força as teclas, com precisão, as veias nas costas das palmas, parecem mãos de um velho, mas fortes, muito fortes, muito bem desenhadas. A luz é pouca, pouquíssima, só o monitor, o bloco de notas na cor cinza ocupa menos de 40% da tela e o resto todo negro. E aquela luz fraquinha, esbranquiçada, acinzentada, iluminando minhas mãos fortes de velho.
O silêncio da noite é daqueles que machuca os ouvidos. Daqueles silêncios nos quais você se concentra pra ouvir alguma coisa, implora pra ouvir alguma coisa, um latido distante, um carro passando na rua, um gato vadio revirando um saco de lixo.
O silêncio da noite é o silêncio da minha vida. Estou no escuro e no silêncio, sem forças para acender uma vela ou cantar alguma canção. Sem alguém com quem conversar. E todo dia imploro pra que alguma coisa aconteça, por que se depender de mim, nada vai mudar. E o silêncio continua. Me machucando os ouvidos.


Benjamin Button

Nascer velho ou morrer velho
Morrer novo ou nascer de novo
Nascer e morrer são um ponto de encontro
Nem fim nem começo
O meio do caminho
Indicam a mesma coisa: nada dura pra sempre
Nem o nada dura pra sempre
No nascimento, o nada deixa de existir
Na morte...