31.12.11

Ano Novo

Então, às margens do novo ano, vou escrever sobre... sobre... é...
Eu pensei em fazer um texto sobre resoluções de ano novo. Mas desisti. A coisa mais bacana sobre resoluções de ano novo que vi esse ano (tá acabando) foi um cara que disse que a resolução dele seria 1280x1024. Entenderam?
Enfim, não vou escrever sobre resoluções. Tô mimado hoje. Vou escrever sobre o que eu quero pra "esse novo ano que se inicia" (quantas vezes você já ouviu/leu essa frase? e o pleonasmosinho?).
Bom, uma coisa que eu queria muito, de verdade mesmo, é que minha irmã ganhasse a mega da virada. É, por que ela joga. Eu, nem isso. E como eu não jogo, se ela ganha, é o melhor que pode me acontecer. Se o raio não pode cair em cima de mim que pelo menos caia próximo. E como é muita grana e eu resolvi estudar de novo, eu tenho certeza que ia sobrar um troquinho pra mim, ela vai investir no futuro da saúde do país.
Outra coisa que eu queria é que os professores fossem melhor... mais bem... caraca, não sei como diz isso... fossem mais valorizados. Eu li uma reportagem na Veja esses dias falando sobre o sistema de educação da China. Não que eu acredite em tudo o que a Veja diz, muito pelo contrário (não consigo dizer isso sem pensar em penteados...). Inclusive eu tava conversando com meu pai sobre esse meu ceticismo midiático. Ele tava falando/reclamando que eu não acredito em nada, não acredito na Veja, na Globo, etc. E eu disse que não é questão de não acreditar. Eu estudei jornalismo durante três anos. Conheço alguns jornalistas que já trabalharam ou trabalham para meios de comunicação de vulto (editora Abril, Globo, TV Senado, Radiobrás - hein?). Assim sendo, tenho meus motivos para desconfiar. De forma que vejo tudo como uma opinião, um mero ponto de vista. O que eles ensinam na faculdade de jornalismo é que o jornalista não pode ter opinião. O jornalista tem que apenas apresentar os fatos. É claro que as coisas não funcionam assim. O jornalista tem que escrever de maneira que aparente não ser opinião (com exceção dos editoriais). E aí eu leio ou ouço alguma coisa e só acredito se tiver informações de outras fontes que corroborem o que foi dito. Mas, como é de meu costume, estou digredindo. Voltemos à reportagem da Veja sobre a educação na China. Não sei se é daquele jeito mesmo, mas se for, o Brasil (e o mundo Ocidental) tem muito que aprender com eles. Não vou me alongar aqui, mas basta dizer que, segundo a reportagem, o investimento principal lá é feito no profissional à frente da coisa: o professor (You don't say!). Aqui a gente vê muita escola particular se gabando das excelentes instalações. Tem escola que tem quadro/lousa digital. Tem escola em que todo aluno tem iPad. E algumas escolas têm bons professores. E na escola pública, nem isso tem. Na China (e agora vou assumir que vocês já entenderam que todas as afirmações que eu fizer sobre o assunto se baseiam no que li na reportagem) é um professor bem preparado, uma sala de aula e um quadro/lousa (de escrever em cima mesmo). E as salas não são pequenas. O Brasil tem mania de pensar a curto prazo. Há uns 500 anos o país não perde essa mania. E a bem falada democracia não ajudou nisso. Essa história de mandato de 4 anos, com os políticos daqui, faz com que todo projeto dure no máximo 3 anos. Por que o quarto ano eles gastam (tempo e dinheiro público) para se reeleger ou eleger alguém de sua laia. E um sistema educacional sério não se estabelece em 4 anos. Chega disso.
Sabe outra coisa que eu queria para o próximo ano? Que acabassem as propagandas, os comerciais. É, a única propaganda seria a boca-a-boca. No máximo as empresas poderiam dizer aos potenciais clientes que elas existem e que oferecem o produto ou serviço que eles procuram. Conversando com meu pai sobre isso, ele disse que não seria bom, pois teríamos que pagar para ter acesso a programas de televisão, por exemplo. Uai, a única coisa que mudaria nisso é que esse relacionamento televisão/telespectador seria mais honesto. Nós já pagamos para assistir o que passa na TV, ao consumirmos tudo que é anunciado nos intervalos comerciais sem refletir se precisamos daquilo de verdade ou não.
Ah, vamos voltar na política! Quando o Zé Dirceu rodou, todo dia o Jô entrevistava algum político. Entrevistava um tucano num dia, um petista no outro. Um dia ele entrevistou o Mercadante e o então Senador, que não tem nem mesmo minha empatia, disse algo interessante. Eu vou pegar a idéia dele e adaptar um pouquinho por que não lembro exatamente o que ele disse e o que eu inventei. Mas imagina se os candidatos não pudessem produzir suas campanhas. Imagina se a gente pegasse uma equipe de TV que ficasse à disposição dos candidatos no horário em que o horário político passasse na TV para filmá-los ao vivo sem vinhetinha, sem equipe de backstage, para que eles falassem de suas propostas. E mais, imagina que todos os candidatos a uma determinada vaga tivessem direito a falar pelo mesmo tempo, independente do tamanho do partido (ou de sua conta bancária).
Eu li um trem esses dias que achei muito engraçado e muito verdadeiro: se o voto mudasse alguma coisa, seria proibido.
Ufa! Acho que é isso que quero para o ano que vem, além dos deliciosos clichés ("muito dinheiro no bolso / saúde pra dar e vender...").

5, 4, 3, 2...