tag:blogger.com,1999:blog-323400192024-03-05T05:08:45.807-03:00Tomada BananaBruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.comBlogger245125tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-87619486427349967402020-03-05T14:30:00.001-03:002020-03-05T14:30:25.769-03:00O "Sistema"O mundo é muito estranho. Parece que a gente é treinado para não saber se relacionar. A gente vive em sociedade, mas não vive em comunidade. Quanto mais gente eu conheço, mais tenho essa sensação (que começou nos idos de 2004, quando faltei à minha primeira reunião de condomínio). Vou ter que abrir o parênteses da frase de cima. Se você não leu o parênteses, por que, de repente achou que era irrelevante, volta lá e lê.<br />
A primeira vez que eu morei num prédio que tinha reunião de condomínio eu participei de uma. Depois nunca mais. Ah, nem! Que trem chato. Fica todo mundo se esquivando de cuidar daquilo que pertence a todos e dois espertalhões tentando provar que eles são os melhores para fazer isso (e por isso merecem nosso voto). Muito louco isso. Tenho certeza que não é por acaso. E senti a mesmíssima coisa na minha primeira reunião em uma Câmara de Vereadores. Calma! Não virei vereador. Estou funcionário público. E aí, os vereadores resolveram que deveriam ouvir de nós o que andamos fazendo pelo nosso soldo. Até aí tudo bem. Mas chega lá... reunião de condomínio de novo. A maioria nem tá a fim de estar lá e os que tão a fim só pensando no ganho secundário.<br />
<br />
"Vote em mim! Eu te represento! Nem sei o que isso significa! Mas vote em mim!"<br />
Ass.: (insira aqui o nome de um vereador, prefeito, deputado, governador, senador ou presidente)<br />
<br />
Num tem jeito. Acho que uma sociedade, uma civilização, um país é tão bom quanto seu povo. E seu povo é tão bom quanto for a educação (seja de casa ou da escola).<br />
<br />
Aí vou abrir mais um parênteses. Educação de casa ou da escola. A maioria dos pais (leia pai, mãe, responsável) hoje não tem a menor ideia do que está fazendo. A menor! Aí o professor de educação básica diz que "não dá para a escola ensinar e educar ao mesmo tempo." Concordo. Do jeito que tá, com os salários que os professores da educação básica ganham, com a estrutura das escolas públicas (pelo menos a maioria delas), não dá mesmo. Não dá pra fazer nada. Se eu fosse um ditador (e esse é um sonho secreto meu: ser um ditador), eu ia fechar todos os hospitais, todas as delegacias, todas as universidades, venderia todas as empresas privadas (talvez eu ficasse com os bancos... hehehe) e investiria tudo que o Estado arrecada em educação básica (não mencionei que fecharia o Congresso Nacional por que é óbvio que esse seria o primeiro a ser fechado na minha ditadura). Paga salário de médico pra professor de educação básica pra você ver se ele não vai educar além de ensinar. Aí você pode dizer: "Mas muitas pessoas vão morrer sem hospitais, o caos reinará sem delegacias!" É verdade. Mas paciência. pagando 10 mil pros professores de educação básica, em 10 anos, os jovens do país saberiam andar com as próprias pernas e teriam responsabilidade pelos atos (a maioria, né? sempre tem um ponto fora da curva...)<br />
<br />
Boa parte do que eu escrevi até aqui não passou de uma digressão. Por que, na verdade, o que eu queria mesmo era falar sobre como vivemos em sociedade, mas não vivemos em comunidade. E como me dá, cada vez mais, a impressão de que existe um sistema muito bem engendrado para manter as coisas como estão. Aquela máxima do Napoleão de dividir e conquistar. É mais velho do que andar pra frente, mas vale até hoje. Vamos analisar alguns exemplos.<br />
<br />
Relação empregador e empregado. Estão todos tão sobrecarregados por tributos que não é bom negócio nem pra um nem pra outro fazer negócio com o outro ou com o um. Aí essa relação tem tudo pra dar errado. Os dois estão sempre achando que estão sendo lesados, que mereciam lucrar mais pelo tanto que trabalham ou já trabalharam. O empregador fica de má vontade com o empregado e vice-versa. Mas, na real, os dois deveriam se unir e ficar com raiva do "sistema".<br />
<br />
Mas não é só nessa relação que eu vejo isso. A sociedade de consumo, também conhecida como capitalismo, fica o tempo inteiro (por vezes implicitamente, por vezes de maneira bem escancarada) nos dizendo que feliz é quem tem mais. Bão é quem tem mordomia, carrão do ano, casão, tênis da Nike, iPhone... Mas é impossível todos terem tudo isso. Principalmente ganhando o que se ganha e pagando impostos como pagamos... E o mais louco é que na maioria das vezes ninguém precisa dessas coisas pra ser feliz. De verdade mesmo, tem até estudo sobre a felicidade que diz isso: ter coisas não faz ninguém feliz. Mas a gente segue acreditando nisso, estudando, trabalhando, abrindo mão de absolutamente tudo que tem valor verdadeiro por qualquer coisa que tenha valor financeiro.Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-91480193574079383562019-10-15T20:55:00.001-03:002019-10-15T20:55:15.944-03:00Há risco?<div>Arisco, arrisco.</div><div><br></div><div><br></div>Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-64832646994435341352018-06-19T23:03:00.002-03:002018-06-19T23:03:46.841-03:00Registro AutobiográficoToda tristeza é válida. Não se deve julgar.<br />
Não importa se uma pessoa enfrenta uma guerra ou a fome. A tristeza pode vir por que você quebrou um bibelô que gostava. Não importa de onde ela veio. Não dá pra generalizar. Não dá pra dizer que uma tristeza é mais válida do que outra. A única pessoa que pode julgar se aquela tristeza é válida é a pessoa que está sentindo a tristeza.<br />
Tinha muito tempo que eu não escrevia por escrever.<br />
Houve um tempo que eu escrevia muito. Por uma necessidade. Eu vivia um momento que me via sem chão e acho que usava o escrever para me apoiar. Felizmente, eu achei outro chão. E o escrever deu espaço para outras coisas, outros projetos. O que é muito fácil pra mim: trocar de projetos.<br />
Teve uma época que eu perdi o chão e escrevi, outra época tirei fotos. Devo ter feito outras coisas buscando chão.<br />
Uma vez um amigo meu me disse que era mais fácil eu virar escritor do que médico. Acho que eu virei médico só pra provar que ele tava errado. Sou muito reativo, mesmo quando tento não ser. Talvez mais quando tento não ser.<br />
Mas a verdade é que sinto falta de brincar com as palavras. Sinto falta de digitar no teclado. É a única hora que gosto mais de escrever no computador do que no papel. O papel é sempre melhor. Mas quando estou escrevendo coisas que vêm da minha cabeça, gosto mais de digitar. Devo ter uma visão romantizada do Fernando Pessoa digitando (datilografando seria o termo correto) em pé, sozinho, em transe. Não sei se ele entrava em transe. Eu não entro em transe. Entro numa de admirar o que eu consigo produzir. De ver as letrinhas surgindo, quase sem nenhum erro, com pontuação, com crase, com vírgula... É bem narcisista pra mim escrever.<br />
Fiquei bem triste de ver que não conseguia mais escrever redação de vestibular depois de 6 anos de faculdade. Me acalentei no fato de que redação de vestibular dificilmente pode ser considerado literatura (muito menos nobre literatura).<br />
Tenho que tirar esse trecho aí em cima de dentro dos parênteses. A nobre literatura.<br />
Uma amiga minha uma vez me disse que temos que escolher entre uma vida tranquila e produzir a nobre literatura. Um professor de literatura disse uma vez que o que há de comum entre os grandes escritores, aqueles eternos, imortais de verdade, é o desconcerto com o mundo. Tem a ver. Ou haver. Não sei. Tem muito tempo que não escrevo pra saber se o certo agora seria a ver ou haver. Mas realmente escrevi mais (e li mais) quando me sentia desconcertado, desarranjado, bagunçado, perdido, sem chão.<br />
A ideia desse blog não era ser um diário. Nem mesmo ser autobiográfico. Mas uma professora de oficina de texto uma vez me disse que todo texto é autobiográfico.<br />
<br />
Foda-se as regras de hífen do português reformado. Antes a reforma tributária. E política. Fora todos.Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-76399051393978327332017-10-17T23:45:00.001-02:002017-10-17T23:51:17.521-02:00PernilongosE se os pernilongos forem seres auto-concientes como nós? E se eles acreditarem que nós somos entes superiores (como acreditamos nos deuses do Olimpo)? E, na verdade, eles chegam perto de nós por considerarem isso uma benção? E se acontecer de eles morrerem tentando ficar próximos, tocando suas probóscides em nossa pele sacra, eles terão o paraíso garantido?Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-18406538883775002702017-04-16T10:10:00.001-03:002017-04-16T10:21:14.753-03:00Rio<div dir="ltr">
A proposta foi desenhada numa mesa de bar da Rua do Ouvidor. Jessé, Raul e eu tomávamos umas cervejinhas quando ele teve a ideia. O Raul propôs que a gente escrevesse alguma coisa sobre aquela rua. Inicialmente ele queria era rodar um filme de ação ali. Um filme que envolvesse perseguição, tiro, porrada e bomba. Achei ótima a ideia por que as ruas ali são todas estreitinhas. Ia ser uma coisa meio James Bond / Jason Bourne. Mas não temos os meios para executar essa ideia.<br />
Aí surgiu a outra, do texto.<br />
Não lembro agora se seria uma crônica, um conto, uma poesia... Mas levando em conta nossas personalidades libertinas, imagino que vale tudo. E comecei a escrever esse texto com cara de diário.<br />
A Rua do Ouvidor representa muito bem o Rio de Janeiro. Principalmente num sábado à tarde, rolando um sambinha. O que é que a Baiana tem? Não sei. Mas o que é que o Rio tem que agrada tanto a gregos quanto baianos? Sei algumas coisas.<br />
Na Rua do Ouvidor, você vê prédios centenários convivendo harmonicamente com os modernos prédios de escritórios à sua volta. É difícil explicar como ou por quê essa harmonia acontece. Mas ela acontece. Até essa mistura fica bonita no Rio.<br />
Então o texto na verdade vai se transformar numa digressão sobre a Cidade Maravilhosa.<br />
Por que o Rio, assim como a Rua do Ouvidor, provoca esse encanto nas pessoas? Tive a oportunidade de vir com pessoas diferentes em momentos diferentes à cidade. E nunca falha. Todos querem ficar mais tempo. Alguns iniciam os planos de mudança definitiva.<br />
Acho que a música brasileira, em particular, mas também outras formas de arte, desde a pintura até o cinema, têm uma culpa muito grande no cartório. O Rio é pintado, fotografado e cantado inúmeras centenas de vezes. Isso encanta principalmente aqueles que não o conhecem. Quem vem pela primeira vez, já vem de abraços abertos como o Cristo.<br />
Mas por que foi o Rio essa cidade tão cantada e tão pintada?<br />
Imagino que a beleza natural da região nos dê alguma pista. Os pontos mais populares, o Corcovado, o Pão de Açúcar, são realmente um cenário deslumbrante. Mas se você tiver tempo e sair andando por aí, vai ver que não se resume a isso. Cito a praia da Macumba no Recreio dos Bandeirantes, um bairro afastado do centro que raramente é lembrado pelos turistas, que normalmente se aventuram até a Barra (que merece esse parênteses pra ser criticada: provavelmente o lugar mais sem graça e sem charme do Rio. Dá a impressão de nem estarmos no Rio. Até o mar lá é chato, raso e sem onda.). E se continuar seguindo no sentido sudoeste do Recreio em frente ainda tem a Prainha e a Restinga da Marambaia... É muito lugar bonito muito perto um do outro.<br />
Mas existem outros lugares maravilhosos graças à natureza assim. O litoral norte de São Paulo, por exemplo. Subindo no sentido norte pela BR 101, depois que acaba Bertioga, é uma praia paradisíaca atrás de outra. <br />
Aí a vantagem que eu imagino que o Rio leva é explicada pela história. Desses lugares maravilhosos, a região do Rio foi uma das primeiras a ser exploradas. No Litoral Norte de SP, por exemplo, a Serra do Mar dificultava muito as coisas. Até hoje dificulta. As cidades não têm espaço para crescer e o acesso ao centro do continente também não é nada fácil.<br />
Chego à conclusão de que o acaso teve um papel determinante no encanto que o Rio exerce hoje. E essa participação do acaso deixa tudo ainda mais romântico.<br />
Por acaso a região do Rio começou a atrair gente de toda parte e foi enchendo, enchendo até quase estourar, mas não estourou (como tenho a impressão que deve ter acontecido com a Terra da Garoa: dá a impressão de um cenário pós-apocalíptico). Mas o Rio encheu. Encheu muito. Essas ruas estreitinhas não estão só no Centro. Os bairros residenciais da zona sul todos têm esses recantos, de ruinhas apertadinhas, onde vive muita gente, com muita árvore. É uma delícia. E por atrair todo tipo de gente parece a cidade que já visitei no Brasil onde a diversidade tem mais espaço. As harmonias se harmonizam mais harmonicamente no Rio. O preto com o branco, o pobre com rico, a encaracolada com a alisada, a bicicleta com o carro, o vegano com o churrasco, e, voltando a rua do ouvidor, os prédios históricos com os contemporâneos...<br />
E continuamos, aqueles pobres mortais que não habitam o Rio, indo embora com o coração de quem acabou de ver a garota de <u>Ipanema</u> passar.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0jmPzcz8LgvZalzwwbTO1QM6D0Pz_56x6wTB3Hu5aMogSZXc8JJKMDBKN35xdWniCmo8PdqNdN15aatkkKLbltIaVGWhl1VAzwqscGs5MW1gftlMaU3s7JjtBsTGKisy8pg/s1600/IMG_20170415_164923737_HDR.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0jmPzcz8LgvZalzwwbTO1QM6D0Pz_56x6wTB3Hu5aMogSZXc8JJKMDBKN35xdWniCmo8PdqNdN15aatkkKLbltIaVGWhl1VAzwqscGs5MW1gftlMaU3s7JjtBsTGKisy8pg/s320/IMG_20170415_164923737_HDR.jpg" width="180" /></a></div>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-66640515225356088472017-04-10T23:53:00.001-03:002017-04-10T23:53:16.655-03:00The gap is widening<p dir="ltr">Growing up is like jumping across a wide gap.<br>
When you're young, you're too small to do it. But if you wait too long, your body might not be fit enough to do it. So the gap is wide in the beginning. But it keeps getting wider as you grow old.</p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-7598955763729571652016-11-14T06:30:00.001-02:002016-11-14T06:30:19.547-02:00<p dir="ltr">Eu sou louco!<br>
Me ajuda a gritar!</p>
<p dir="ltr">Eu sou louco <br>
Nasci pra sofrer<br>
Me deixa gozar</p>
<p dir="ltr">Eu sou louco!<br>
Eu quero viver<br>
Eu vou mergulhar </p>
<p dir="ltr">Eu sou louco!<br>
Me prende! Me solta!<br>
Me deixa pirar!</p>
<p dir="ltr">Eu sou louco!<br>
Me ajuda a gritar<br></p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-76558538485192075582016-10-09T14:01:00.001-03:002016-10-09T14:01:45.866-03:00<p dir="ltr">Eu fui ver meu pai mas ele num tava mais lá <br>
</p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-66821110142911541582016-05-03T01:13:00.001-03:002016-05-03T01:13:17.475-03:00Tangencial<p dir="ltr">Cê é daqui?<br>
Eu moro aqui.<br>
Mas nasceu aqui?<br>
Não. Em Três Corações.<br>
Hum.<br>
Mas morei pouco lá.<br>
Mudou pra cá cedo?<br>
Não. Morei no Rio e em Curitiba antes.<br>
O Rio é uma bagunça.<br>
Como assim?<br>
Não dá pra dirigir lá. <br>
É meio complexo mesmo.<br>
Vou ali tomar um café.<br>
</p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-25463940741013160272016-05-03T00:38:00.001-03:002016-05-03T00:39:11.769-03:00Cachoeira <p dir="ltr">Vc deitada<br>
Aquele tanto todo<br>
Ali do meu lado<br>
Sinto o cheiro<br>
A temperatura<br>
Não dá só pra por o pé <br>
Tenho que mergulhar </p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-63128407496377815102016-04-18T13:23:00.001-03:002016-04-18T13:23:34.521-03:00Citrato de Prata<p dir="ltr">Where's the water glass?</p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-48065416636494757062016-03-26T16:22:00.000-03:002016-03-26T20:47:40.061-03:00Tá de sacanagem, né?<p dir="ltr">Ainda ressabiado, incrédulo, testou a porta. Com mais barulho do que gostaria, percebeu que ela estava aberta.</p>
<p dir="ltr">"Já vim até aqui..."</p>
<p dir="ltr">Ao começar a deixar a luz do corredor penetrar no quarto, ouviu gemidos. Continuou abrindo a porta e uma faixa vertical de luz revelou duas mulheres se despindo aos beijos. Uma delas, Yasmim, a menina que tinha acabado de beijar.</p>
<p dir="ltr">De imediato, sua reação seria perguntar o que estava acontecendo. Mas achou mais interessante descobrir por si só. Sem dizer uma palavra, e fazendo o mínimo de barulho possível, entrou no quarto e fechou a porta.</p>
<p dir="ltr">O silêncio e a escuridão. Enquanto seus olhos se acostumavam, disse em voz suave para que elas continuassem. Alguns segundos mais de silêncio e podia ouvir a respiração das duas. Seus olhos começavam a se acostumar e, com a pouca luz que entrava através das cortinas, conseguia identificar Fernanda sendo cavalgada por Yasmim. Yasmim se movia delicadamente, mas como se tivesse um pau e estivesse comendo Fernanda, bem devagarinho. Uma deliciosa encenação. As duas olhavam para ele com cara de fome.</p>
<p dir="ltr">Escorou-se contra a parede às suas costas e deixou seu corpo escorregar até se sentar no chão. O quarto ia se tornando cada vez mais claro. E as duas mais à vontade.</p>
<p dir="ltr">Distinguiu um sorriso nos lábios de Fernanda enquanto ela o chamava:</p>
<p dir="ltr">"Vem..."</p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-68135065512430691092016-02-13T12:31:00.001-02:002016-02-13T12:31:27.410-02:00sem nome<p dir="ltr">eu fico incomodado<br>
com esse tanto<br>
que eu nao quero<br>
parar de te olhar<br>
parar de te ouvir<br>
parar de ter você</p>
<p dir="ltr">cada vez q eu pisco<br>
eu bato um retrato<br>
quero congelar cada quadro<br>
cada cara e cada careta<br>
essa imagem</p>
<p dir="ltr">cada vez que eu distraio<br>
que eu não ouvi<br>
eu preciso entender<br>
cada palavra e cada suspiro<br>
essa mensagem</p>
<p dir="ltr">e se desaparece assim<br>
sem vestígio, sem rastro<br>
me pergunto<br>
era miragem?</p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-61978808678379293142015-12-20T17:12:00.001-02:002015-12-20T17:12:08.245-02:00<p dir="ltr">Conheci um cara que chamava Aires<br>
Mas não sei se ele era de áries </p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-64866848465272422682015-10-02T00:03:00.001-03:002015-10-02T00:03:40.155-03:00Olha!<p dir="ltr">Ainda que a porta se feche...<br>
Não grite. Não esbraveje.<br>
Pula a janela!</p>
<p dir="ltr">Se o vento não sopra,<br>
Pra refrescar a seu favor,<br>
Liga o ventilador.</p>
<p dir="ltr">Existe proposta?<br>
Bate o martelo do juiz:<br>
Cumpra-se!</p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-3285395350208715172015-09-04T13:55:00.001-03:002015-09-04T13:55:02.591-03:00As Invasões Bárbaras <p dir="ltr">Entro no quarto e dou de cara com ela<br>
Cochilando com a roupa do trabalho<br>
De bruços, a calça jeans recheada de chocolate</p>
<p dir="ltr">Preciso absorver aquela cena antes de dizer alguma coisa</p>
<p dir="ltr">"Te acordei!"<br>
"Não... eu já... ia levantar..."<br>
"Não, boba. Fica."</p>
<p dir="ltr">Pego minhas coisas e saio<br>
Levando apenas a memória<br></p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-37907144324943306892015-08-04T00:15:00.001-03:002015-08-04T00:15:23.033-03:00<p dir="ltr">O homem caminha, mas aonde o homem quer chegar?</p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-80161291903015309402015-07-27T01:30:00.001-03:002015-07-27T01:30:14.270-03:00Ê Sôdade<p dir="ltr">Saudade doida<br>
Saudade doída <br>
Saudade ardida</p>
<p dir="ltr">Saudade quem<br>
Saudade aquém <br>
Saudade zen</p>
<p dir="ltr">Saudade aqui<br>
Saudade assim<br>
Saudade aí?</p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-58882754092673044372015-07-19T10:08:00.001-03:002015-07-19T10:08:54.017-03:00Duvido da Certeza<p dir="ltr">Duvido de quem não tem dúvida <br>
Uma pessoa firme eternamente<br>
Provavelmente <br>
Não vê além de seu próprio universo</p>
<p dir="ltr">Quem enxerga além<br>
De sua própria cerquinha<br>
Vê o diferente, o esquisito<br>
E se questiona:</p>
<p dir="ltr">"Não serei eu o estranho?"</p>
<p dir="ltr">O mundo não tem mais fronteiras<br>
A voz o atravessa <br>
Na velocidade da luz</p>
<p dir="ltr">Uma visão da realidade<br>
Não é mais suficiente <br>
Os olhos têm que ser no plural</p>
<p dir="ltr">A cabeça precisa de dúvidas </p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-73853318001194333572015-07-17T13:07:00.001-03:002015-07-17T13:43:36.638-03:00Sonho<p dir="ltr">Fui dormir ouvindo <i>Rie Chinito</i><br>
Sonhei <u>um</u> sonho<br>
Sonho feito do que são feitos os sonhos:</p>
<p dir="ltr">Fantasia<br>
Desejo<br>
O que a gente quer<br>
Mas não tem<br>
Mais...</p>
<p dir="ltr">Acordei melancólico </p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-32133059936411850842015-07-14T00:26:00.001-03:002015-07-14T00:26:30.889-03:00Misplaced Haiku<p dir="ltr">I was never here<br>
I was never there<br>
I've always been nowhere </p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-29355597221072886062015-07-03T01:50:00.001-03:002015-07-03T01:52:08.078-03:00500 Anos<p dir="ltr">Você se lembra dos 500 anos do Brasil? Eu não. Por que eu sou brasileiro, eu não desisto nunca. Mas tenho memória curta. E se eu fosse Mané das Bandêra eu fazia um poeminha. Talvez em alemão. Why not?<br>
Mas agora né o Mané que eu quero lembrar. É o Vinícius. O bom cronista faz crônica até sobre a cadeira.<br>
Mas bão mesmo é escrever sobre insights.<br>
Eu acho que tive vários insights esses dias. Friso: eu acho.<br>
O problema é que agora não lembro de nenhum em particular para compartilhar comigo mesmo. Digo comigo mesmo por que no fim das contas eu descobri que essas coisas pseudo-artísticas que faço são pra mim mesmo. Uma masturbação que não envolve sexo.<br>
De qualquer maneira fico feliz em ter redescoberto esse canal e saído mais uma vez da inércia. Taí um bom tema pra essa crônica. <br>
Acho que eu começo as coisas e nunca termino pra não perder essa coisa de sair da inércia. Eu gosto de sair da inércia, seja ela estática ou dinâmica. Se eu tô de um jeito quero logo ir pro outro. Se eu tô parado, quero andar. Se tô andando, quero parar.<br>
Putz! Que insight! Que bom que tive esse insight. Insight parece ser uma coisa boa pra gente não correr o risco de se enquadrar em um transtorno mental. </p>
<p dir="ltr">Hehehe</p>
<p dir="ltr">Good night. Glad I'm back pra mim mesmo. </p>
<p dir="ltr">Chupa, todo mundo que não sou eu.</p>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-58059721722133389882013-12-09T23:10:00.000-02:002013-12-09T23:20:33.319-02:00O Primo<div class="MsoNormal">
Fazia muito tempo que eu não o via. Muito tempo mesmo. Uns 5
anos no mínimo. Eu ainda estava no ensino médio. Nós sempre tivemos uma ligação
muito forte. Um carinho especial um pelo outro. Quando convivíamos mais, na
época em que tanto ele quanto eu ainda morávamos com nossos pais, a gente vivia
grudado. Na minha festa de 15 anos, dancei com ele antes de dançar com meu
namorado. Foi até um acidente. Mas foi ótimo por que, eu não pensava nisso na
época, ele estaria sempre na minha vida. Ele era da minha família. O engraçado
é que o meu namorico acabou naquele ano mesmo. Na festa, na hora da valsa com o
namorado, eu não consegui encontrar o menino, e meu primo tava ali rindo da
minha cara. Peguei ele pela mão e puxei pro centro da pista. “Cala a boca e faz
cara de apaixonado.” Ele fez cara de assustado. Embora eu fosse mais nova e
menor que ele, eu batia muito nele.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu estava no computador, revezando entre o <i>facebook</i> e o livro na minha mão que eu
precisava resumir. Aí ele apareceu. Falando que minha tia ia vir pra minha
cidade e ele viria com ela. “Você me leva pra sair sábado?”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Meu namorado morava em outra cidade. Parece que meu primo
sabia estar onde os meus namorados não estavam. Na mesma hora, já combinei com
a menina com quem eu morava de fazermos alguma coisa no fim de semana.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ele chegou no sábado na hora do almoço. Tivemos um tempo
para colocar a fofoca em dia, por que a menina que morava comigo teria prova na
segunda e queria dar uma estudada durante o dia para sair sem culpa à noite. </div>
<div class="MsoNormal">
Eu
sempre achei ele bonito. A gente até era bem maduro por que eu sempre lembro de
conversar com ele e falar pra ele que era lindo. E ele também falava pra mim. E a gente ficava numa boa, sem climinha, sem ciúmes. Ficava numa boa. A gente não ficava. Entendeu?</div>
<div class="MsoNormal">
Quando eu vi ele descendo do táxi com minha tia, ele parecia outra pessoa. Ele
exalava masculinidade, com a barba por fazer, os cabelos do peito se projetando
por cima da gola da camisa. Minha tia me deu um beijo rápido. Ela viera para
visitar uma amiga no hospital e não poderia almoçar com a gente, provavelmente
dormiria no hospital. Eu e ele fomos direto pra um restaurante que eu gostava,
perto da minha casa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
“E aí? Eu vi as fotos da sua namorada. Ela é muito bonita.”
Ele deu um risinho arteiro. “Cê não sabe o que eu fiz? Eu peguei uma menina na
semana passada.” <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Na mesma hora foi como se o chão se abrisse embaixo dos meus
pés. "<i>Meu mundo caiu..." </i>Eu fiquei horrorizada. Xinguei muito. Como ele podia ter feito aquilo? E
ainda me contar com aquela cara lavada? Aquela cara de menino sapeca? Aquele sorriso maravilhoso com aqueles dentes perfeitos? Parece que isso era uma coisa que gerava um sentimento muito ambíguo dentro de mim. Desde pequeno ele conseguia me fazer gostar mais dele quando fazia alguma coisa errada e ria, como se aquilo não fosse nada. Eu nunca tinha percebido isso. Até agora. Falar em voz alta me fez perceber isso. É assim mesmo que isso funciona?</div>
<div class="MsoNormal">
Eu nem
lembro dos detalhes. Nem lembro o nome da namorada dele mais. Também, isso foi
há tanto tempo. Mas eu me lembro de ficar puta com ele, decepcionada. Parecia
que eu que tinha sido traída. Eu sempre colocava ele numa aura de perfeição,
mesmo sabendo muito bem que ele não era perfeito. </div>
<div class="MsoNormal">
Tomei um gole do suco e fui
ao banheiro. E foi ali que senti alguma coisa diferente, que eu não conseguia
acessar na hora. Parecia que eu tinha recebido uma boa notícia. Me deu uma
vontade de rir incontrolável. E eu ri muito e depois chorei um pouquinho, por
não entender o que estava acontecendo, o que eu estava sentindo. Acho que foi isso. </div>
<div class="MsoNormal">
Voltei pra
mesa e tentei ser racional. Falei pra ele que eu tava muito decepcionada, mas
que eu não tinha nada a ver com aquilo. Terminamos de almoçar e fomos dar uma
volta no parque.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Durante toda a tarde -- depois do parque fomos ao <i>shopping --</i> eu ficava olhando pra ele,
observando como ele se comportava. Quando passava alguma mulher bonita, a
maneira que olhava. Era discreto e ao mesmo tempo firme. Era quase
imperceptível pra quem não estivesse prestando muita atenção. Mas pra mim... Eu
pensava que ele era um tarado. Será que ele sustenta toda essa azaração? Será
que se alguma dessas mulheres der mole, ele pega também? Será que se eu olhar
pra ele assim, ele vai querer me pegar? Será que ele olhava assim mesmo pra todas essas mulheres ou era eu que via aquilo? Minha cabeça tava completamente zonza. </div>
<div class="MsoNormal">
No momento que eu não tava mais aguentando, a menina que morava comigo
apareceu. Ela me salvou e nunca soube. Quando ela chegou os dois começaram a
conversar. Meu primo era excessivamente sociável e ela era daquelas pessoas que
conversam sobre qualquer assunto. Tive tempo pra respirar. Fui no banheiro, dei
uma volta. Recebi uma mensagem do meu namorado. Nem lembro o que dizia, mas não
respondi. Aquela mensagem parecia vir de uma outra dimensão, para um outro
destinatário, uma outra eu que não aquela eu daquela hora. Acho que é o
Nietzsche que disse uma vez que o mesmo homem nunca entra no mesmo rio duas
vezes. Se não foi ele, foi alguém tão importante quanto ele. Nunca gostei muito desses filósofos. Só gosto das coisas que eles escreveram. </div>
<div class="MsoNormal">
O fato é que eu me
sentia como se tivesse ido dar uma voltinha fora do rio. Fiquei calada o resto
do dia. De vez em quando eu reprimia ele pelas coisas que ele falava. Tudo que
ele falava me dava margem a uma interpretação que me fazia me sentir no direito
de julgá-lo. Climão. Climão pesado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas à noite, tudo melhorou. O que não melhora com vodka? A gente
saiu prum barzinho e depois foi dançar. E eu relaxei. Ninguém flertou com
ninguém. Ficamos os três lá como se só a gente existisse na balada. Parecia que
a gente tinha voltado a ser criança. A gente tava brincando na pista, zoando,
rindo. Fomos embora muito depois das 4 da manhã. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Meu primo ia dormir na sala. Eu ia dormir no quarto da
menina que morava comigo e a minha tia já estava dormindo no meu quarto. A
menina dormiu muito rápido e começou a roncar. Eu não conseguia dormir. Tava
muito quente, insuportável, mesmo com o ventilador ligado. Levantei pra beber
água.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A cozinha tinha duas portas. Uma que dava para os quartos e
outra que dava para a sala. </div>
<div class="MsoNormal">
Assim que eu entrei, ele também vinha da sala.
Entramos exatamente no mesmo segundo. Ficamos ali um tempo. Um segundo, um
minuto, meia hora, não sei. Mas teve um tempo em que o tempo parou. Ficamos nos
olhando de longe, sem dizer nada. E, de repente, avançamos em direção um do
outro. Ele me agarrou. Forte. Agressivo. Colocou as duas mãos dentro do meu <i>short</i>, apertando a minha bunda com
força. Eu puxava ele pra mais perto. Queria sentir fisicamente a presença do
corpo dele.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Foi só aquela noite. No chão da cozinha. Sem camisinha.
Morri de medo de engravidar. Como se não bastasse os transtornos óbvios que uma
gravidez naquelas condições geraria, ele era meu primo! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A gente voltou a se falar mais. Pelo <i>facebook</i>, por mensagem, pelo telefone também. Nunca sobre o que tinha acontecido no chão da cozinha. Durante alguns dias parei de criticá-lo por ter ficado com
outra menina. Me sentia uma hipócrita. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas é muito fácil esquecer a nossa
própria hipocrisia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Acho que meu tempo acabou, né?</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p><i>Dedico esse texto ao fescenino Ruben Fonseca e ao transgressor da moral e dos bons costumes ditados pela família cristã brasileira Nelson Rodrigues.</i> </o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p> <i>Dedico também ao assassino da família mineira Lúcio Cardoso.</i></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p><i>Eles me aliviam um pouco da culpa de escrever sobre temas tão condenáveis... Quem ficou de pipiu duro levanta a mão?</i></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p><i>Dedico ainda ao Navarro por ser tão subversivo quanto eu (ou mais?) e por ter me apresentado o seriado </i>In Treatment<i>, no qual eu obviamente me inspirei para escrever esse texto.</i></o:p></div>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-12694466678970823002013-12-09T23:09:00.000-02:002013-12-09T23:20:18.322-02:00Dans La Maison<div class="MsoNormal">
Esse texto poderia ser uma crítica sobre o filme do qual eu
surrupiei o título. Mas não é. Não vai ser. Vou escrever (com enorme
dificuldade, por que eu estou digitando no teclado <i>touch</i> do meu celular, e por que tem muito tempo que eu não escrevo nada) sobre o que eu estou escrevendo, que é esse texto. </div>
<div class="MsoNormal">
Já ficou acertado
então que ele, o texto, não será uma crítica “cinemática”. Será, ou é, como não
poderia deixar de ser, uma crônica. </div>
<div class="MsoNormal">
Embora eu não esteja 100% seguro sobre o
nome do estilo nesse momento, os meus quase 5 leitores sabem do que eu estou
falando, pois já se acostumaram a ler esse tipo de texto escorrendo lentamente
dos meus dedos para o teclado do computador. </div>
<div class="MsoNormal">
Hoje, no entanto, há uma diferença. O texto está peculiarmente fragmentado por muitos parágrafos, coisa que eu não costumo fazer. Se bem que, devido ao formato que escolhi para o blog, é difícil dizer quando surge um parágrafo. Vou ajudá-los.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E hoje as palavras não escorrem mais, o que era muito mais
fácil com a ajuda da gravidade. Hoje elas têm que se esforçar. Elas vão se
ralando, se entalando, contra a gravidade, para sair dos meus dedos e chegar até
o cume: a tela do celular, onde os meus olhos enxergam o produto do meu parto
pela primeira vez, ao vivo e a cores, e não pelo monitor do ultrassom.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quando o texto começa? Ali em cima eu fiquei na dúvida se
usava o presente ou o futuro. Quando começa a vida do bebê para a mamãe
grávida? Quando ela começa a se referir a ele como alguém que é, em vez de se
referir a alguém que será?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Isso está realmente se configurando (troquei a palavra anterior umas três vezes e ainda não tenho certeza se isso é realmente o que eu queria dizer) um parto (essa, sim, era uma que eu procurava). </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O <i>Android</i> nos oferece uma variedade de
opções gratuitas de aplicativos. Contudo, ainda não encontrei um editor de texto que
funcionasse satisfatoriamente. Fora isso tem a questão desse teclado <i>touch</i>. É a pior invenção de todos os
tempos: uma coisa sem <i>feeling</i>, sem
vida, excessivamente virtual para mim. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas, ultimamente, tenho me conformado
mais com essas coisas. Virei um dinossauro mesmo. Meu maior medo é o dia em que
proibirem os carros com câmbio manual. Infelizmente, eu sei que um dia isso vai
acontecer. A tendência, acredito que mundialmente, é que as máquinas cada vez
mais se responsabilizem pelo trabalho que seria nosso. Antes se dizia que era
para que os humanos pudessem usar sua tão elevada inteligência para fins mais
nobres. Mas, pelo que tenho visto, o tiro saiu pela culatra. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
As pessoas não estão usando aqueles neurônios libertos pela
tecnologia para um fim mais nobre do que, por exemplo, trocar as marchas de um
carro. Na verdade, as pessoas simplesmente não estão usando mais aqueles neurônios.
Pra nada. A tecnologia se desenvolve então, não para nos dar mais tempo e
energia para nos ocuparmos com coisas que realmente importam, mas apenas para
que nossa inteligência atrofie. Para que nos afastemos cada vez mais do santo,
do filosófo, de Shakespeare, e nos aproximemos cada vez mais dos chimpanzés.
(Assistam o filme <i>Waking Life</i>. Leiam o livro <i>Universo em Desencanto</i>. Huahuahuahuahuahua... zuei grandão!)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas, voltando à vaca fria, esse filme, <i>Dans La Maison</i>, para o qual eu não vou escrever uma crítica, me fez
querer escrever de novo. E a dificuldade está colocada no fato de meu
computador, no momento, por razões que julgo ser mais prudente omitir, não
estar disponível. (Ao bem da verdade, essa era a menor das minhas dificuldades. Esses dias tentei escrever um texto e não saiu nem um teste. E ainda apaguei sem querer a bagaça. Freud explica. Mas fica aí uma metáfora. Hein?)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E eu então lembrei de outro filme francês. Infelizmente, não
me lembro a grafia correta em francês, mas me refiro à película entitulada em português <i>O Escafandro e A
Borboleta</i>. Eu com preguiça, com birra, de usar essa merda de teclado pra
escrever meu textinho -- o que agora estou fazendo com um dedo por que fica
mais fácil segurar o celular -- enquanto o personagem do filme escrevia
piscando um único olho. Eu uso um dedo e ele usava um olho. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E, que coisa!, a
mesma atriz estava nos dois filmes. Agora que me toquei. Mas nem adianta
perguntar por que eu não lembro o nome dela. É uma loira que deve ter chegado (e muito bem, diga-se de passagem) aos 40 e tem um ar sensual (o verdadeiro sexy sem ser vulgar) que só uma francesa pode ter (pelo menos na minha imaginação). Acho que prefiro ela até do que a Julie Delpy (<i>Antes do Pôr-do-Sol</i>?).</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Enfim, talvez essa dificuldade, de
ter que usar o celular pra escrever, e comparar isso ao que o homem preso
dentro de si tinha que enfrentar, tenha me motivado mais ainda para escrever
agora.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Esse é o paradoxo da natureza humana: quanto mais difícil,
maior a probabilidade de você ir lá e fazer. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não, eu reconheço que isso não é
lá tão comum assim. E não é pra menos. Lembra do que eu disse agora há pouco
sobre a tecnologia?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
p.s.: Esse texto não ia acabar aqui. Mas eu não resisti em
deixá-lo assim quando a pergunta surgiu. Adoro terminar com pergunta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Dedico esse texto ao cinéfilo Rony que me recomendou esse filme (e tantos outros).</i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Dedico também à Duda por que eu amo ela, a tigela e o coração. E ela assistiu o filme comigo. </i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i>E quando ela ri me faz acreditar na felicidade.</i></div>
Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32340019.post-88856635858290338552013-03-22T12:43:00.001-03:002013-03-22T12:43:37.954-03:00Tudo Muda. ou Melhor ou Pior? ou Diferente.Por mais que doa no coração dos puristas, saudosistas, velhos (de alma, como às vezes eu sou), as coisas mudam. O ser humano existe do jeito que é, <i>homo sapiens</i>, há muito pouco tempo quando comparamos com o quanto tempo tem que o mundo é mundo. Mas chama atenção demais o quanto as relações intra e interespecíficas e a maneira de interagir com o ambiente mudou para essa espécie nesse pouco tempo. E mais louco ainda é perceber como essas mudanças se processam cada vez mais rápido. Tenho certeza de que, se você tá lendo esse blog, você tem acesso privilegiado à informação e, mais do que isso, tem <i>know-how</i> para buscá-la e encontrá-la. Então, se você ainda não viu, procure aí um gráfico que mostra uma linha do tempo e as transformações que ocorreram no mundo pós pré-história (ficou esquisito, mas eu realmente não sabia outra maneira de escrever isso). Quando você se deparar com tal linha do tempo, você vai perceber que as mudanças vão se aproximando cada vez mais.<br />
É até <i>cliché</i> comentar isso, mas acho que é a melhor ilustração para o que eu quero dizer. Pensa em aparelhos de emissão sonora. Até o final dos anos 70, o que rolava era o vinil, o LP. Tinha que ter uma vitrola (toca-disco) para ouvir sua banda favorita. Imagina o cara sentado em uma sala de estar, ouvindo um disco do Caetano, segurando a capa do disco retratando o cantor com aquela cabeleira farta e rebelde. Depois surgiu o toca-fita. Ficou muito prático carregar as suas músicas prediletas. Elas cabiam no seu bolso. Depois veio o <i>walkman</i> e você não só carregava as músicas no seu bolso, ainda que com certo volume, mas as ouvia enquanto caminhava (daí o nome do aparelhinho). Isso sem falar que a experiência passou a ser individual, quando antes ela era necessariamente, forçosamente, compartilhada (funkeiro no buzão). A liberdade individual tomava novos rumos. Depois veio o CD. E, embora o tamanho do <i>discman</i> não seja tão diferente do <i>walkman,</i> a qualidade do som é inquestionável. As fitas se deterioravam rápido com o uso. Depois veio a era do mp3. Estamos nessa era. E, para fechar o meu argumento, agora compare a distância temporal entre uma mudança e outra. Quanto tempo entre o lançamento do toca-disco e do toca-fita? Quanto tempo entre o CD e o mp3? Percebe?<br />
Mas o lance dos aparelhos de emissão sonora é só uma ilustração. Vamos falar sobre algo que gera mais repercussões: as relações interpessoais. O conceito de rede social existe há muito tempo (muitas décadas, talvez séculos, não sei), mas só agora ele tá na boca do povo. E o que tem me chamado a atenção é a maneira como as novas redes sociais se formam e como elas são superficiais e frágeis. E aí, fazendo uma analogia com os toca-fitas e mp3 <i>players</i>, pensa em como seria você falar sobre seu dia para alguém nos anos 70 e como é hoje. Eu não vivi nos anos 70, mas imagino que, se você quisesse contar para alguém sobre alguma experiência que teve, teria que conversar com a pessoa. Talvez você pudesse telefonar para essa pessoa. Talvez pudesse mandar uma carta (o que demandaria bastante tempo, tanto na confecção da carta quanto no processo de fazê-la chegar ao remetente, e esse tempo, em geral, te dava a oportunidade de se esmerar). E hoje? Você tira uma foto com seu celular, posta no facebook e escreve uma linha e meia descrevendo ou comentando a foto. Pronto. O mundo inteiro viu. Rápido, não? Mas a questão é: isso é melhor ou pior? Tenho percebido que as pessoas não precisam mais se esforçar para se expressar. Não há muito o que pensar, não dá nem tempo. Eu tô vivendo aquilo e, naquele mesmo minuto, já tô dizendo pro mundo que aquilo tá acontecendo comigo. O que me preocupa é que às vezes, essa rapidez não nos dá tempo para refletir sobre a experiência, sobre seu significado (se é que teve algum), e, de repente, já tá lá, para todo mundo ver (ainda que ver não seja enxergar), todo mundo saber. E aí, das duas uma:<br />
1. Experiência vazia: Você publica um monte de coisa sem significado algum, por que não dá tempo para refletir sobre se houve ou não algum siginificado e, consequentemente, se valia ou não a pena publicar.<br />
Ou...<br />
2. Experiência significativa transformada em experiência vazia: Você publica algo que teve sim um significado enorme para você, mas, da mesma maneira, não acrescenta muito, por que foi rápido demais e você nem mesmo teve tempo de perceber esse significado. E, pra piorar, como tudo acontece tão rápido, provavelmente aquela sua publicação que teria significado, vai ser sobrepujada por um mar de outras sem significado algum.<br />
Já tentou achar uma postagem antiga no facebook? O que é uma postagem antiga? Quantas postagens surgiram na sua <i>timeline</i> nas últimas 24 horas? Quantas dessas tiveram siginificado? Cês entendem a minha questão?<br />
O surgimento dessas novas redes sociais, as virtuais, através da <i>net</i>, certamente deve ter funcionado como um canal para diversas pessoas que se sentem embaraçadas em contextos sociais concretos. E, a César o que é de César, eu reconheço esse valor. Porém, ao mesmo tempo, parece que o surgimento desse canal tirou dessas pessoas a necessidade de se esforçarem um pouquinho e desenvolverem habilidades que elas não tinham (agora nunca terão). Mas será que elas vão precisar dessas habilidades no mundo de hoje? Essa é uma pergunta que ainda não consegui responder definitivamente. Em geral, posso afirmar que ainda há uma necessidade de saber socializar presencialmente, na maioria dos contextos. Essa necessidade, contudo, vem diminuindo. Vão surgindo novas relações que permitem que uma pessoa passe sua vida toda dentro de casa, sem nunca se relacionar fisicamente com seus pares. Só não sei se isso é bom. Ou ruim. Ou simplesmente diferente. Você sabe?<br />
<br />
<i>Dedicatória: Como não tenho escrito muito ultimamente, a partir de hoje, quando o fizer, vou escrever uma dedicatória para pessoas que importam. Digo pessoas por que meus textos têm ficado cada vez mais escassos, de forma que quando surgi um, eu devo aproveitar para dedicá-lo para o maior número de pessoas possível.</i><br />
<i>1. Em primeiro lugar dedico esse texto para a minha cara metade, minha linda, habilidosa, astuta, genial, brilhante, gostosa namorada. Por que ela sempre reclama que eu não escrevo mais pra ela. Eu tento explicar que eu escrevo quando tô sofrendo de amor. E ela, felizmente, só me faz feliz. Acho que eu também escrevi no começo do nosso namoro quando eu achava que nem era real, que era um sonho. Mas hoje, super, hiper, felizmente, vejo que nosso amor é real, concretíssimo.</i><br />
<i>2. Vou dedicar esse texto também pro Zuba que me deu um mousepad hoje. Só pelo mousepad? Não, ele também tem me ajudado muito com meus estudos. Então, dedico pro Zuba também.</i><br />
<i>3. Dedico também pro Rony e pro Navarro por que eles escrevem mais do que eu. Só por isso, já merecem.</i><br />
<i>4. E, finalmente, eu quero mandar um beijo pro meu pai, pra minha mãe e pra você. Esse "você" nos anos 80 seria a Xuxa. Mas hoje não é mais. Hoje é você mesmo que tá lendo esse texto. Um beijo.</i><br />
<br />Bruno Guimahttp://www.blogger.com/profile/15443614544086028090noreply@blogger.com1