30.11.07

É como diria meu velho e sábio pai:
"Rio espalhado não move moinho."

29.11.07

Se Jogar Na Vida II (versão fábula)

Era uma vez
Uma larvinha
Que vivia dentro de um casulo

Quando ela achava que nada mais fosse acontecer
Ela conheceu um besouro
Era bem fedido
Mas muito divertido

E os dois se apaixonaram

O besouro queria seguir viagem
Mas a larvinha hesitava:
"Meu casulo é tão confortável.
Aqui tenho tudo que preciso."

O besouro insistia:
"Sai, vem comigo.
O mundo é tão bonito."
A larvinha não saía

Ele então decidiu:
"Vou embora, você fica."
E botou o pé na estrada

Dias e dias se passaram
Nenhuma notícia do besouro
A larvinha se arrependeu

"Meu besourinho fedido,
Onde se meteu?
Tenho medo de sair do casulo.
Por que não volta?"
E chorava, e chorava

A luz do sol um dia
Meio que de brincadeira
resolveu acertar o casulo
E o derreteu inteirinho

A larvinha ficou muito assustada
Mas foi percebendo que
Em uma linda borboleta se transformara
"Puxa! Como sou linda!
E que belas asas!"

Não sabia mais onde o besouro estava
E pensou:
"Vou procurá-lo.
Com estas lindas asas,
Não vai ser difícil encontrá-lo.
E se nisso eu falhar,
Pelo menos estórias terei para contar."
E bateu asas e voou...

28.11.07

A Pé de Cabra

Procuro algo lá dentro
Tão difícil de alcançar
Algo escondido, guardado, talvez até aprisionado
Busco a inspiração
São noites em claro
Não há calma ou paz, tampouco há perturbação

O caminho pra dentro
Engolir-se e se entranhar
Um estupro de mim mesmo
Lá no fundo não há luz
Há uma escuridão profunda
Mas minhas mãos tateiam algo
Será que encontrei?

Agora é trazer pra fora
Rasgar a pele se preciso
Botar tudo ao sol
E deixar a luz me banhar

27.11.07

Hoje não estou muito inspirado, como deve ter dado pra perceber pelas porcarias que escrevi. Mas, nessas horas sempre tem um amigo do peito pra nos socorrer. Veja que, de fato, "os opostos se distraem, os dispostos se atraem." Do meu querido irmão André Oliveira:

Amor de Poeta
Eu fico aqui escrevendo coisas de amor
E percebo no final de cada linha...
Que não amo ninguém
Porque todo poeta não poderia amar como escreve
Esse amor que ele escreve é apenas poesia
E o amor é poesia que não se escreve
Quando escrito, vira um quase amor
E frustrado pelo quase amar
O poeta continua escrevendo
Porque se amasse
Ele não tinha mais nada o que dizer.

Procura-se
Um dia a gente acorda
O amor foi embora
Outro dia a gente dorme
Sonha que ele voltou
Depois a gente morre
Pelo amor que perdeu
Enfim a gente vive
Procurando amor
E ele se perdeu
Dentro da gente
A caminho do coracao
Escorregou pela veia errada
Foi parar na cabeca
E virou um pensamento
E quando a gente pensa que ama
É sinal que não sente nada

Visitem o blog dele: http://neuroghost.blogspot.com/
Lembrancinha

Picadas de mosquito
Nem me lembro de ter sido mordido
Mas são tantas
E por todo o corpo
Manchas vermelhas
Calombos na pele
Querendo me lembrar:
Aquilo de fato aconteceu
Mas não me lembro
De onde surgiram essas feridas?

E me coço dos pés às orelhas
Monótono

O que escrevo tá tão sem graça
Tento mudar a forma, ver se passa
Tudo parece já ter sido dito
Tudo aqui sai repetido
Será que a técnica falta?
Meu talento não tá em alta...

Preciso ler mais poesia
Conhecer outros autores
Navegar, conhecer outros humores
Encher essa caixa tão vazia

Caixa de um brinquedo só
Caneta Que Pulsa

Tudo que escrevo
Prosa ou poesia
Vem de dentro
Vem de mim

Minhas palavras são
Às vezes cruas
Meio quebradas
Indiscutivelmente verdadeiras

Hora faço sorrir
Mas também faço chorar
Escrevo sobre o que é

Se em momentos te assusto
Reflita sobre isso
O que escrevo
É sangue na veia

26.11.07

Vidas Fundidas

Duas almas antes em contato
Entranhadas, embaraçadas
Agora dois corpos em lugar nenhum

Energia emanada
Energia captada
Fluindo de um pro outro
Troca: uma via de mão dupla

Não importa a distância
Sempre capto a luz do seu sol
E devolvo na minha língua
Escrevendo mais poesia
Teclando Poesia

Escrever poesia é fácil
Pra digitar tem que ser ágil
Cada toque no teclado é um estalo
Toma seu juízo, quer roubá-lo

Quando o dedão
Muito de supetão
Acerta a barra de espaço
Me assusto, me desfaço

Aperto o Enter: bem normal
Pular uma linha é a ação
Nunca muda, sempre igual
Mas achar a interrogação
Dureza! Me faz passar mal

Acentuar é que é pior
Ficaria até com dó
De ver tentar Cecília
Sem nunca achar o cedilha

No final, às vezes até rimando
Continuo teclando e tentando
Com dificuldade: tudo é assim
Pra fazer você lembrar de mim
Como Te Quero

Não quero seu ouro
Disso não preciso
Sua alma é que me encanta
Seu corpo, sua voz quando canta

Não quero seu palácio
Nunca invadirei seu espaço
Quero seu sorriso
Ouvir sua gargalhada

Não quero ser seu dono
Te controlar, te ordenar
Quero que sua liberdade seja sua
Só sua, nunca minha

Não quero toda a sua atenção
Quero isso não
Quero só um pouquinho
Um minutinho
Pra te encher de beijinho

25.11.07

Epifania Feminina

Fernanda estava exausta depois de mais um dia de trabalho. Horas e horas em uma reunião que não chegava a lugar nenhum. Ia pensando em todas as providências que deveria ter tomado naquele dia, mas que simplesmente não tomou. E era ainda mais agonizante ter que pensar tudo isso dentro de um carro parado, agarrado em uma avenida de 3 pistas, mas que, por algum tipo de fenômeno, simplesmente não fluía. Decidiu acender um cigarro e ligar o rádio. Quem sabe assim conseguiria esquecer um pouquinho de tudo aquilo.
Mas às primeiras notas da canção, veio a lembrança:
- O teste! - gritou tão alto que o casal que se beijava no carro ao lado parou pra assistir.
Fernanda vinha tentando ter o primeiro filho há alguns meses. Ou pelo menos era isso que ela dizia pra quem perguntava do assunto. Na verdade, contados 14 meses. Começava a se preocupar. Na semana anterior havia estado em um laboratório para tentar descobrir afinal se havia algo errado com ela ou não. Mas, obviamente, com a cabeça cheia de coisas como estava, havia esquecido completamente de passar no laboratório para buscar o resultado. Conferiu as horas no painel do carro.
- Merda!
Já não daria mais tempo de voltar. E mesmo que desse tempo, o trânsito não permitiria. Desistiu. Amanhã eu pego, pensou ela.
Quase 40 minutos e muitas buzinadas depois, ela segurava o controle remoto para abrir o portão da garagem. Alguma coisa a fazia hesitar. Pensava que o Beto lhe perguntaria pelo exame. Ela conseguia visualizar toda a cena antes mesmo de ela acontecer. Ela entraria na sala e ele estaria jogado no sofá assistindo a reprise do jogo entre o time A e o time B. Ele explicaria que aquele jogo era decisivo para o time C e pediria a ela uma cerveja. Enquanto ela fosse buscar a cerveja, ele perguntaria sobre o exame e, antes que ela pudesse responder, o celular dele tocaria e ele iria para a sacada conversar com algum amigo em tom bem alto para que todo o prédio pudesse ouvir.
Não sei se quero entrar, refletiu. Engatou uma ré e saiu sem rumo. Não sabia direito onde queria ir ou o que estava fazendo. Simplesmente dirigia. De repente, o celular. Era o Beto.
- Oi.
- Onde cê tá?
- Tô com as meninas. - foi a primeira coisa que pensou - a Laura tava precisando conversar um pouco.
- Ah... tudo bem, então.
Ele nunca questionava e Fernanda imaginava se ele ao menos escutava o que ela dizia. Conversar com as meninas, ela pensava, nem sei qual foi a última vez que tivemos tempo pra isso. De fato, Fernanda e suas amigas andavam meio afastadas. Era dificílimo conseguir se encontrar com uma delas, imagine com todas. Deu de ombros. Virou o carro e foi pra casa. Quando chegou, encontrou Beto dormindo no sofá. Foi pra cama e dormiu com a mesma roupa que havia ido para o trabalho.
Na manhã seguinte, Beto já havia saído quando ela levantou. Tomou um longo banho e foi para o trabalho repetir tudo outra vez sem, outra vez, alcançar os objetivos que tinha em mente. Exatamente às 4 da tarde deixou o escritório. Dessa vez não esqueceria o teste.
Depois de enfrentar o dissabor das ruas, chegou ao laboratório. Alguns minutos de espera e finalmente o resultado estava em suas mãos. Estava paralisada. Não conseguia abrir o envelope.
Ligou para Angélica:
- Angélica, tá ocupada?
- Não, pode falar.
- Tá em casa?
- Tô.
- Vou praí.
Ao entrar no apartamento de Angélica já foi lhe entregando o envelope:
- Abre pra mim. Não consigo.
- Calma, menina. - enquanto falava, Angélica rasgava a lateral do envelope.
- E aí?
- Relaxa, tá tudo certo com você.
- Como assim? Me dá aqui esse treco.
Fernanda olhava e não conseguia entender. 14 meses tentando e nada. Agora com o teste na mão sua cabeça entrava em parafuso. Angélica filosofou:
- Cê já parou pra pensar que o problema pode ser o Beto.
- Será? Mas ele é tão saudável. Eu é que sou sedentária e fumo e não durmo direito.
- Cê tá viajando. Acho que cê devia conversar com ele.
- É.
Fernanda saiu da casa da Angélica mais confusa e amedrontada do que chegara. Como falaria disso com o Beto? Como ele aceitaria? Não conseguia prever a reação dele. Não conseguia prever a sua própria reação à reação dele. E aí resolveu.
Entrou em casa, desligou a TV e disse:
- Beto, acabou.
Quem Sou

A dúvida paira
Me vejo no espelho
Quem é esse cara?
De quem é essa cara?

Será que sou só isso?
"É, mas vai além."
Meu reflexo explica
E, rima fácil, complica

Além do quê?
Além de onde?
"Além." e é só o que ele diz.

A princípio me assusto
Será que sou do além?
Também
Mas vou além

24.11.07

Por Que Escrevo

Descobri!
A minha poesia
Não é só expressão
É também

Não é só devoção
Mas não deixa de ser
Não é só desabafo
Mas também isso eu faço

O que é então?
Minhas palavras
São celebração

É a bebida que embriaga
Sem nunca te dar ressaca
Tem gosto de cerveja
Ou o sabor do champagne

Celebro a vida
Celebro o amor
Tim tim!
Agora vejam vocês o que é esse João Guimarães Rosa

"O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim; Esquenta e esfria, aperta e depois afrouxa e depois desinquieta.O que ela quer da gente é coragem.O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre e amar, no meio da tristeza. Todo caminho da gente é resvaloso, mas cair não prejudica demais.A gente levanta, a gente sobe, a gente volta".
Um Beijo e Tchau!

Fui leviano, imaturo
Te perdi
A dor me ensina
Já entendi

Queria te falar, sentar com você, te explicar
Mas já sei: agora não dá

Antes você me amava
No fim, só um vazio em seu peito deixei
Compreendo, então vou embora
Deixo pra trás os meus sonhos
E os filhos que não tive

Mas desistir de vez
Não faço
Parar de pensar em você
Nem tento

Me chamam de teimoso
De insistente alguém me acusa
É fato
Não sei dar as costas à minha musa

Voltar no tempo é impossível
Então penso no futuro
Vejo tudo o que tenho pra te dar
Será que você já colocou outro em meu lugar?

É triste pensar nessa possibilidade
Pior é saber: nós nos completamos
Mas em diferentes dimensões nos colocamos

Minha decisão já tomei
Sigo acreditando
Embora temeroso
Mas também obstinado e corajoso

E ao invés de dizer adeus
Digo: Até logo mais!

23.11.07

Metralhadora Giratória

Abro a boca
Agarro o teclado
Dedo no gatilho
Atiro para todos os lados
Raramente acerto em quem eu miro
Mas continuo dando tiro

Por ser poeta virgem
Tenho medo de parar
Vai que a gente esquece

Então escrevo, rabisco
Hora uso o caderno
Hora uso a internet

Por que se eu me conter
Posso me congelar
Já passei por isso

Então não paro
Nem vou parar
Sigo chorando ou sorrindo
Poeta de Recorte

Não escrevo poesia
Copio e colo
São recortes
Chico Manuel Renato Nando
Tem quem goste
Pra quê dizer de novo o que já foi dito por mim?

22.11.07

Curteza ou Rudeza

Digo
Não
Brigo
Xingo

Não
Soco
Chuto
Machuco

Às vezes uso o corpo
Prefiro as palavras
O Olhar do Poeta

O poeta quando olha
Molha
Molhado olhar

O poeta quando vê
Se encanta
Visão de alumbramento

O poeta quando enxerga
Absorve
Esponja de vidro

Gente e paisagem
Tudo que há de bonito
Concreto em Movimento

Estaciona Poste
Entrada Poste
de veícu Poste


Estaci Poste ento
Entra Poste ída
de Poste ulos

Poste namento
Poste e Saída
Poste eículos

19.11.07

Quem Pode Mudar?

Ricardo abriu os olhos e viu Gabriela se preparando para sair. Estava linda, como em todas as manhãs.
- Já acordou? - ela sorria pra ele. - volta a dormir. Você só tem que trabalhar de tarde.
- Mas eu queria fazer o café pra você.
- Não precisa, bobo. Volta a dormir.
Virou-se de lado, fechou os olhos e sonhou.
Um velho barbudo e fedido olhava bem no fundo de seus olhos e dizia:
- Você não vai mudar. Ela não vai mudar. Ninguém muda. Ninguém!
Acordou assustado.
- Caralho! Já são meio-dia!
Vestiu a calça correndo, tomou uma xícara do café que Gabriela havia feito, obviamente, frio, escovou os dentes, e saiu. Antes de chegar na garagem, percebeu que havia se esquecido da chave do carro.
Meia hora depois estacionava na porta do Diário Metropolitano, onde trabalhava fez ou outra como repórter free lancer. Ao descer do carro apertou o dedo na porta.
- Merda de carro!
A redação estava às moscas. Ricardo avistou o Seu Gildo num canto trocando o garrafão de água.
- Cadê todo mundo?
- Tá todo mundo na Praça Central. Cê num ficô sabendo?
- O quê?
- O prefeito foi assassinado.
Ricardo morava a menos de 50 metros da Praça Central, onde pela manhã ocorreria a inauguração de uma estação do metrô. Ele havia pensando em se levantar mais cedo e tirar umas fotos, mas isso qualquer um faria, havia pensado. E vários qualquer-uns estariam agora se aglomerando para fotografar o prefeito estendido no chão sob a poça de seu próprio sangue.
- Ricardão! - era o Daniel, o estagiário - ficou sabendo da última?
- O prefeito morreu, né?
- Não, pô! Vai rolar um campeonato de futebol na quadra velha da rua de baixo.
- Sério? Quem tá montando time?
- Eu, pô!
- Putz! posso entrar ainda?
-Pô, cara, o time tá completo. Fechamos ao meio-dia com o Seu Gildo.
- O Seu Gildo tá no time e eu não?!
- Ué, cara, cê num tava aí...
Ricardo amassou o copo que estava em sua mão e tentou acertar o cesto de lixo. Sem sucesso.
- Merda!
Uma hora mais tarde encontrava Silas no bar do Tonhão, próximo a Praça Central.
- Cara, se eu tivesse chegado aqui há umas 6 horas atrás...
- O que cê tava fazendo?
- Dormindo.
- Pode crê. Vamo tomá uma. Esquece isso aí.
Por volta da meia-noite, Ricardo tentava encaixar a chave na fechadura da porta sem fazer barulho. Sem sucesso. Estava tão bêbado que não percebera que a chave em sua mão era, na verdade, a chave do carro. Entrou no apartamento e percebeu que não havia ninguém. Então se lembrou. Era aniversário da mãe de Gabriela e eles haviam combinado de jantar.
- Merda!

Ricardo abriu os olhos. Gabriela se vestia em frente ao espelho. Não sorria mais. Havia engordado e parecia muito cansada.
- Volta a dormir. O prefeito já foi enterrado.
Ricardo virou-se de lado e sonhou. Um velho repetia:
- Ninguém muda! Ninguém!
Cacofonia

Junto os cacos
De dentro da boca dela:
"Meu coração por ti, não gela!"

Cata caco
Cata côco
Estou louco

Cata caco
De vidro ou de telha
Centelha

Cata caco
Espalhado pelo chão
Ilusão

Cata caco
Pedaços quebrados
Despareados

Cata caco
Sem harmonia
Cacofonia

17.11.07

A Preta e a Branca

São duas irmãs
Do mesmo pai, da mesma mãe

Uma é branca com orelhas de chocolate
Outra negra, às vezes morde,
E quase não late

Mas muito ciumentas
Se batem, se mordem, e sangram
Se amam

16.11.07

"Rir muito e sempre, ganhar o respeito das pessoas inteligentes e o afeto das crianças, receber a consideração dos críticos honestos e resistir à traição dos falsos amigos, apreciar a beleza, descobrir o melhor nos outros, deixar o mundo um pouco melhor, seja através de uma criança saudável, um pedaço de jardim ou uma condição social mais justa. Saber que ao menos uma vida respirou mais fácil porque você existiu. Isso é ter sucedido."
Ralph Waldo Emerson (1803 - 1882), poeta e ensaísta norte-americano
Essa letra é do Lulu Santos. Eu nem conheço a música, mas a letra é massa.

Já É

Sei lá...
tem dias que a gente olha pra si
e se pergunta se é mesmo isso aí
que a gente achou que ia ser
quando a gente crescer
e nossa história de repente ficou
alguma coisa que alguém inventou
a gente não se reconhece ali
no oposto de um déjà vu

sei lá...
tem tanta coisa que a gente não diz
e se pergunta se anda feliz
com o rumo que a vida tomou
no trabalho e no amor
se a gente é dono do próprio nariz
ou o espelho é que se transformou
a gente não se reconhece ali
no contrário de um vis a vis

por isso eu quero mais
não dá pra ser depois
do que ficou pra trás
na hora que já é!

14.11.07

Sua Mais Bela Obra

Flor do Miguel
Pérola da Tati
Aí dentro existe um coração que bate
Pernas que chutam
Se esticam, e esticam
A pele da barriga da sua mãe

Valentina
Nome forte, controverso
Como são seus ancestrais

Seja muito, muito bem vinda
Vem pro mundo, pequenina
Vem e se faz menina
A Gata Preta

Poesia
Coisa mais ridícula
Que te faz sentar de meias
Num quarto com a luz acesa
Enquanto uma gata preta te olha
Como se tu fosses a própria sardinha

13.11.07

Coragem Pra Vomitar

Produzo poesia como a linha de montagem
Seja Honda, seja Toyota
Mas não me olhe com essa cara de idiota!
Se eu quiser rimar eu rimo
E vou escrevendo, vou me abrindo

Sim, me revelo, me libero
Às vezes me relevo, me rebelo

Mas se não escrevesse assim
Essas coisas não caberiam mesmo em mim
E se não cabem no papel
De caneta em punho e faca no dente
Boto tudo nesse blog de maneira até inconseqüente
Coisa que preste, ou coisa feia
O lavrador nem sempre escolhe o que semeia
Não procure verdade na poesia
Não procuro
Me escondo
E escondo o que diz a poesia

Se poeta és
Ou poeta fosses
Morreria
Mas não escreveria poesia

11.11.07

Transição

Louco, alucinado
Cego, obcecado

Agora forte, obstinado
Mas te prometo:
Nunca mais calado.

10.11.07

Deixa Fluir

Água parada não dá pé
Água parada não move moinho
Água parada espalha a dengue
E gente parada? Faz o quê?

Gente parada não pára em pé
Gente parada só olha o moinho
Gente parada pega dengue e fica dengosa

Nem água, nem gente
Movimento é que é liberdade

8.11.07

A experiência com sapos

Cientistas da Faculdade de Westminster Abbey, Massachussets, fizeram uma interessante descoberta. O sapos precisam de um choque para lutar pela vida.
A experiência que comprovou a tese do aclamado biólogo John Grimm consistia em soltar um sapo dentro de uma panela com água gelada e observar a reação do batráquio. Em outra panela seria colocada água à temperatura ambiente, e, da mesma forma, outro sapo seria solto em seu interior.
No primeiro cenário o anfíbio se assusta com a mudança brusca de temperatura e salta para fora da panela em busca da salvação.
No segundo cenário a temperatura da água era diminuída gradativamente e o pobre batráquio não se dava conta do que acontecia e acabava morrendo.

Eu sou um sapo.

1.11.07

Eu tava conversando com um alienígena, naturalmente eles falam inglês pois suas antenas captam muitas transmissões norteamericanas, e ele me disse: "I like humans. I mean, when they're polite."