Névoa
Primeiro, seus olhos
Não! Seu sorriso
Depois, sim, o olhar
Uma lagoa
Pra eu entrar, mergulhar
Não tem jeito de chegar perto
Tudo a sua volta é barreira
Tudo a sua volta é repulsa
Mas eu insisto
Te cerco
Por todos os lados
E se me machuco
Não me importo
Se mais gente se fere
Tarde demais
Pra ter você
Até o errado é certo
De repente desisto
E você me chama
Com essas palavras que eu não entendo
Seus gestos dúbios
Quer me agredir
Ou vai me abraçar?
E está em meus braços
Enlevo
Você se desfaz
Névoa
E me distraio
Te vejo mais uma vez
E agora minha língua
Sua língua
Meu corpo e seu corpo
Contorcidos e entrelaçados
Não há ar suficiente pra nós dois
Suas mãos me procuram
Minha boca quer beber tudo
Mas você é névoa
Se desfaz
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Reincidência
Ela já foi e voltou
Nem sei mais há quanto tempo
Nem sei quantas vezes
Mas é sempre a mesma coisa
Ela se insinua, se mostra
Começa devagar
Às vezes nem tanto
Seus lábios, seus olhos
Suas mãos e sua voz
Agarram minha alma
Se apossam do meu corpo
A príncipio não me convence
Me defendo, me esquivo
E então estou novamente
Entregue e vulnerável
E ela se dissipa, se despedaça
Vidro ou cristal?
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