1.3.09

Névoa   

Primeiro, seus olhos 
Não! Seu sorriso 
Depois, sim, o olhar 
Uma lagoa 
Pra eu entrar, mergulhar 
Não tem jeito de chegar perto 
Tudo a sua volta é barreira 
Tudo a sua volta é repulsa 
Mas eu insisto 
Te cerco 
Por todos os lados 
E se me machuco 
Não me importo 
Se mais gente se fere 
Tarde demais
Pra ter você 
Até o errado é certo 

De repente desisto 
E você me chama 
Com essas palavras que eu não entendo 
Seus gestos dúbios 
Quer me agredir 
Ou vai me abraçar?   

E está em meus braços 
Enlevo 
Você se desfaz 
Névoa 
E me distraio 
Te vejo mais uma vez 
E agora minha língua 
Sua língua 
Meu corpo e seu corpo 
Contorcidos e entrelaçados 
Não há ar suficiente pra nós dois 
Suas mãos me procuram 
Minha boca quer beber tudo   

Mas você é névoa 
Se desfaz

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Reincidência  

Ela já foi e voltou 
Nem sei mais há quanto tempo 
Nem sei quantas vezes   

Mas é sempre a mesma coisa 
Ela se insinua, se mostra 
Começa devagar 
Às vezes nem tanto   

Seus lábios, seus olhos 
Suas mãos e sua voz 
Agarram minha alma 
Se apossam do meu corpo   

A príncipio não me convence 
Me defendo, me esquivo 
E então estou novamente 
Entregue e vulnerável
 
E ela se dissipa, se despedaça 
Vidro ou cristal?

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