22.3.09

Breathless



No silêncio vespertino do estacionamento, o fechar da porta do carro soou como retórica: nunca mais. Ele se foi e ela não pôde impedir. Os momentos de paixão que há pouco tinham sido tão intensos, agora pareciam ter acontecido anos atrás. Ele se foi sem precisar dizer que estava indo; ela soube pelo seu olhar. O mesmo olhar que lhe era direcionado antes com admiração, resolveu seguir em frente. Ela soube o por quê. Não podia mais lhe oferecer um coração dividido; ele pedia a eternidade, ela, por ora, lhe oferecia instantes. Ele se foi e ela sabia que havia falhado. Tinha fraquejado e, como havia aprendido em seus poucos mas longos anos de vida, fraquejar significava perder. Ele se foi e ela, por um breve momento, se sentiu realmente roxa, sem ar, sem poder respirar. Não entendeu como vinha respirando por tanto tempo, e agora, perdia o fôlego. Pensou em recuperar o corpo dele, mas já era tarde demais. Esperou, então, pelo cair da noite, onde, quem sabe, suas almas poderiam se reencontrar.



(contribuição especial de uma anônima)

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