31.8.09

Domingo no Teatro

A mão entrava dentro da bolsa
Sem pudor, sem vergonha, nem embaraço
E resgatava lá de dentro a salvadora bombinha

Seus olhos no palco brilhavam ao som dos holofotes
O ar lhe faltava, mas ela não se movia
O sorriso no seu rosto era de entendimento
Além do que assistia, de si mesma
Sorriso de quem se enxerga no outro
De quem se vê do lado de fora de si
E talvez sem que ela percebesse
Não era só no palco que ela estava
Também estava em toda a platéia
No rosto e na alma de todos aqueles
Que com ela agora sorriam

No palco, um gracejo
O sorriso, agora, fazia barulho
Seu corpo balançou, crise de tosse
Salvadora bombinha!
Ela chacoalhou-a e deu duas aspiradas
Não tinha vergonha, pudor ou embaraço
E já com o ar de volta aos pulmões
Continuou a sorrir, a se assistir

No comments: