3.1.08

A Panela ou o Prazer

Ela estava sozinha em casa e decidiu fazer seu prato predileto: tutu de feijão. Se levantou do sofá e ainda hesitou. Pô, dá tanto trabalho. Mas resolveu que valia o esforço e rumou para a cozinha. Abriu a geladeira e viu primeiro a garrafa de coca. Encheu um copo. Estava meio sem gás, mas coca é coca. Deu uma goladinha feliz. Lembrou-se que havia feito feijão no domingo. Procurou o tupperware. Lá estava ele, o feijão, velhinho, perfeito para um tutuzinho.
Colocou a vasilhinha em cima da mesa e foi procurar os outros ingredientes: farinha para engrossar, uma salsinha, cebolinha e... não podia faltar uns pedacinhos de bacon.
Botou o feijão para cozinhar, colocou mais um bocadinho de água e deixou ferver. Pegou a estrela, velha ferramenta da cozinha mineira, e começou a esbagaçar os baguinhos.
E assim continuou acrescentando a farinha e os outros ingredientes, juntando também um pouquinho mais de tempero, de pimenta. Delícia, salivava.
Ficou pronto. Sentou à mesa e se fartou naquele banquete regando-o com coca. Depois do delicioso jantar, um cigarrinho e deitar em frente à televisão esperando o sono chegar.
No dia seguinte acordou e lembrou: a panela!
Foi até a cozinha e viu a panela seca, com os restos do tutu agarrado a ela, como um ex-amante que não pára de ligar.
O que tem que ser feito tem que ser feito. Catou a panela e colocou-a debaixo da torneira para amolecer o tutu. E esfregou e ariou e deixou tudo limpinho.
Muito trabalho? É, mas o sabor do tutu na noite anterior compensava tudo. E mal podia esperar para ter mais feijão de ontem na geladeira.

1 comment:

Felipe said...

Sempre vale a pena...