17.4.09

Português para Inglês Ver

Sexta-feira 13. Saio da reunião com o coordenador padecendo de uma dor de cabeça moral. Ao invés de reprovar um aluno cuja preguiça e indisciplina o impediram de desenvolver  domínio de sua língua nativa, me é sugerido (e aqui uso de um eufemismo) dar a esse mesmo aluno aulas particulares. O coordenador ainda ressalta a compensação financeira. Aulas particulares, a essa altura do ano, valem o peso do professor em ouro.
Além de não ter tido apoio algum de meu ilustríssimo superior, sou obrigado a engolir os meus princípios goela abaixo.
Parto da escola em direção ao bar. Vou me encontrar com o meu orientador do mestrado. Assim que finalizar o curso, penso, não terei mais que me sujeitar a humilhação como me foi imposta hoje.
No bar quero colocar toda a minha indignação para fora. A conversa é mais fluida banhada em cerveja e cachaça. Meu orientador é todo ouvidos e apoio. Terminamos a noite abraçados ao violão, cantando a revolução que promoveríamos no sistema educacional brasileiro.

Sábado 14. Acordo e me levanto imediatamente. Minha cabeça lateja. Meu reino por uma xícara de café forte e uma Neosaldina. Na porta da geladeira encontro a conta do celular. Exagerei de novo. Vou ligar para o meu aluno. Oferecer aulas particulares. Pagando bem, que mal tem? Começo a revolução no ano que vem, quando voltar da minhas férias na Europa.

No comments: