4.7.09

Sexta à Noite

O Accord prata vinha encostando junto ao meio-fio devagarinho, de faróis baixos. As duas morenas de salto alto, a primeira usando uma mini-blusa branca muito decotada, que revelava o sutiã vinho, e um micro-short amarelo ovo que garroteava suas grossas coxas cor-de-feijão, a segunda vestia um mini-tubinho preto, uma tarja preta que tapava apenas seus seios e sexo, desfilaram juntas em direção à beirada da calçada.
Dentro do carro, dois homens. Um mais jovem, cerca de 35 anos, usava uma camisa preta, jeans e sapatos de couro, de grife certamente, tinha os cabelos muito pretos e a pele branca, esverdeada na região da barba, e sorriso odontologicamente perfeito. Outro mais velho, usava uma camisa azul folgada, calça de brim e sapatos de couro marrom, tinha cabelos grisalhos, escassos no alto da cabeça e mais densos e compridos próximo à nuca, usava óculos de armação marrom avermelhada.
O primeiro homem, o mais jovem, se debruçava pela janela do banco do passageiro, exibindo os dentes perfeitos enquanto cumprimentava as duas morenas.
O segundo homem, apertava firme o volante do carro com as duas mãos, a coluna encurvada para frente, seu tronco esticando o cinto de segurança, o rosto muito próximo ao pára-brisa, os olhos arregalados, a boca fechada, o maxilar latejava nas laterais do seu rosto.
O carro finalmente estacou. A morena de tubinho se inclinou apoiando o antebraço direito no teto do carro enquanto ouvia os galanteios do homem mais jovem. A outra, de shortinho amarelo, continuava o desfile na calçada para o rabo de olho do homem mais velho.
- A gente vai dar a volta no quarteirão. - disse o moço dos dentes perfeitos.
O carro voltou a se movimentar.
- Cê tem certeza que isso é uma boa idéia? - o homem de óculos perguntava, enquanto seus olhos ainda captavam o andar gingado das moças que iam ficando para trás pelo retrovisor.
- Relaxa, Ferreira! Relaxa! Vamo curti, cara! Hoje é sexta, pô! Até quando cê vai ficar nessa?
O moço então dizia para o homem de óculos continuar a volta no quarteirão. Relembrava-o que ali era a Zona Norte, onde ninguém os conhecia. Além disso, a menos de 100 metros de onde estavam havia um drive-in. Ele continuava encorajando o amigo dizendo que pegariam duas cabines para terem alguma privacidade.
- Mas, não esquece, quando cê terminar, a gente troca. Quero comer as duas, hein, Ferreira! Manda a sua pra mim também. Tem certeza que não quer um azulzinho, véio? Né vergonha pra ninguém não, viu?
- Tenho.
Terminaram a volta no quarteirão e reencontraram as moças. O moço desceu do carro, segurando a porta aberta para a morena do shortinho amarelo entrar em seu lugar. Depois abriu a porta de atrás e gesticulou com um sorriso para a de tubinho preto se acomodar no banco traseiro, onde ele a acompanharia.
Com todos devidamente acomodados, o carro partiu mais uma vez. Chegaram ao tal drive-in, onde o senhor de óculos pediu duas cabines. Entraram e estacionaram o carro na cabine 7. O moço saiu do carro, e caminhou até a cabine 8 de mãos dadas com a morena de tubinho preto.
Agora, estavam a sós. A mulher se colocou de lado em seu assento para olhar para aquele homem maduro ao seu lado, ia começar a falar quando ele perguntou, sem olhar para ela:
- Como devo te chamar?
- Rose.
- Rose, pode me fazer um favor? Desce do carro e vai ali pra frente, junto a parede, onde eu posso te ver.
A mulher sorriu, mascando o chiclete. E olhando para ele, desceu lentamente do carro, ao colocar os dois pés para fora, levantou-se exibindo o volume das nádegas apertadas dentro do shortinho, como penas de pavão. Caminhou lentamente para a frente do carro. Os fárois, holofotes em um palco, a iluminavam.
- Quer que eu tire a roupa? - ela perguntava sorrindo com as mãos na cintura.
- Não, caminha de um lado pro outro, como cê tava fazendo na rua.
Ela sorria e agora desfilava sem olhar para ele, como se o ignorasse propositalmente. Ele tirou o cinto de segurança, e esfregou o rosto. Seus olhos eram dela. Dentro do bolso da camisa pegou o maço de Benson & Hedges e acendou um. Sua mão tremia um pouco. Os cabelos negros compridos da mulher balançavam suavemente, ele percebia as curvas das nádegas e dos seios se salientarem quando ela ficava de perfil para fazer um giro naquela passarela improvisada, observava cada detalhe do corpo daquela linda mulher.
Finalmente, ele desceu do carro, apagou o cigarro no chão com a sola do sapato e foi até ela. Ela, agora parada, as mãos na cintura, olhava para ele, sempre sorrindo.
- E agora?
Ele a agarrou e a jogou sobre o capô do carro, ainda quente, e atacou-a como um esfomeado a um prato de comida. Suas mãos percorriam e apertavam com força a carne tenra daquele corpo. Sua boca arfava, beijava, mordia. O cheiro vulgar do perfume da moça o embriagava ainda mais. Devorou a morena ali mesmo, sem nem tirar a roupa.
Fechou o zíper e se arrastou para dentro do carro novamente. Enquanto a moça se recompunha, ele ofegava dentro do carro e acendia outro cigarro. A moça o deixou seguindo para a cabine 8.
Dentro do carro, ele finalmente conseguia não pensar. Apenas saboreava aquele cigarro. O melhor dos últimos 3 anos.
Não muito tempo depois seu amigo ressurgia no retrovisor, escoltado pelas duas morenas. Os três sorriam muito e entraram juntos no banco de trás.
- Ferreira, me deixa em casa com elas.
O senhor de óculos, calmamente obedeceu. Alguns minutos depois, os três ocupantes do banco traseiro desciam. Ele, enfim sozinho, ligou o rádio e foi embora, acompanhando a bossa que tocava com um assovio baixinho, pensando no mar.

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