17.12.08

A Rosa

Andava pela praça, como fazia todas as manhãs, quando a viu. Nunca, em toda sua curta existência, havia colocado os olhos em algo tão belo. Esqueceu-se de onde ia, o que faria. Esqueceu-se de si. A rosa o havia laçado. 
Seus pés, cada vez mais rápido, se moviam, levando-o para perto daquela rosa grande e vermelha. Estava a menos de um metro. Podia já sentir seu perfume. Agachou-se, olhou em volta. Sentia-se envergonhado por não conseguir controlar sua vontade daquela forma. Olhava em volta para ter certeza de que ninguém o vigiava.
Olhou para a rosa novamente. Tinha ainda pequenas gotículas de orvalho em suas pétalas que, embora dessem um ar melancólico à rosa, também realçavam sua perfeição. Tocava as pétalas, sentia o toque doce na ponta de seus dedos. Estava em enlevo.
Foi aí que se lembrou. Já havia estado ali. Já havia se ajoelhado frente àquela obra da natureza,  tantas e tantas vezes. E lembrava-se de como havia a descrito antes: ela era plástica!
Lembrava-se também dos espinhos. Mas queria tanto tê-la. Sabia também que a rosa morreria se dali fosse arrancada.
Decidiu não tocá-la. Levantou-se e seguiu seu caminho, voltando os olhos, vez ou outra, por cima do ombro, enquanto podia, tentando guardar cada detalhe daquele encontro.

2 comments:

Cat said...

Olá!

Provavelmente já não te recordas mas deixaste um comment no meu blog há uns meses atrás acerca de como tinhas ficado desconcertado com as parecenças entre aquilo que escrevemos.

Não respondi porque agora já não moro na minha cidade, sou estudante e fui estudar para outra cidade, e lá não tenho acesso à internet, só muito raramente e, quando o tenho, nunca é por muito tempo e, quando vi o teu comment não tinha tempo para estar a ler as tuas coisas e resolvi não responder logo.

Agora finalmente tive tempo para vir ao meu próprio blog postar algumas coisas novas e reencontrei o teu comment e resolvi responder.

Li alguns dos teus escritos e, apesar de não encontrar tantas parecenças como dizes (talvez porque estás numa fase diferente daquela em que escreveste o comment ou assim), gostei bastante de alguns dos que li. Gostei especialmente do "What Is Love Anyway?"

Elfa said...

Tenho um texto com o mesmo nome...