12.1.11

Água

Dentro da Água

As águas pesadas acertam minhas costas. Só ouço esse som e as batidas lentas do meu coração ao fundo. Finalmente preciso respirar e dou um passo a frente. Abro os olhos e a luz do sol me cega. Me acostumo à claridade e te reconheço. Só seus olhos me olham na flor da água: uma menina feita crocodilo que se prepara para dar o bote. Mas sei que, submersa, sua boca sorri pra mim. Me aproximo lentamente e deixo minhas mãos descobrirem as curvas do seu corpo nu. Agora as suas mãos também me procuram. E com minha cooperação me coloca em pé de igualdade com você: nada mais separa nossos corpos, a não ser a água que nos rodeia. Não nos tocamos mais, mas estamos próximos o bastante. Posso respirar seu hálito. Nossos lábios se resvalam. Sinto o toque leve de sua pele na minha. Já sei o gosto da sua língua antes mesmo de te beijar. E isso me faz sentir mais vontade.
Mesmo que ainda conseguisse raciocinar, as palavras ainda não foram criadas para descrever o que sinto em seguida.

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