24.7.10

Casamento Heterossexual

O Casamento Heterossexual

Venho aqui escrever e rogar a todos os meus quase 3 leitores que se casem. Em especial, os heterossexuais. E aí, para não soar preconceituoso aos que não me conhecem, terei que dedicar um páragrafo ou dois para explicar o porquê de me referir, em particular, aos heterossexuais.
Hum, sinto uma crônica nascer...
Bem, eu não tenho conhecimento de causa para falar sobre relacionamentos homossexuais. Tudo aquilo que sei vem do que ouvi e li a respeito do assunto. Ouvi de meus queridos amigos, li em revistas e na internet. Mas não vivi. Não sei como é. No que tange os relacionamentos homossexuais, posso apenas especular. E especulo muito. Por exemplo, penso que em um relacionamento entre dois homens pode haver muita violência. Sim, por que eu jamais teria coragem de pensar em ferir fisicamente uma mulher (Com exceção da minha amada irmã. A gente rolava no chão mesmo. Minha mãe ficava puta.). Mas se um cara se relaciona com outro cara e esse outro cara faz uma merda, o que impede o primeiro cara de dar uma porrada na cara do outro cara? Nada. São dois homens. Sou radicalmente contra qualquer tipo de violência. Mas existem situações que são foda! Imagina um casal de homens. Um deles compra uma cerveja cara que queria experimentar na sexta à noite quando chegasse do trabalho. Vamos dizer por exemplo que o cara comprou uma Bohemia Oaken e que essa seja uma de suas favoritas (aí ele não teria comprado para experimentar, né, anta?). Pois bem, naquela sexta-feira o outro cara saiu mais cedo do serviço por algum motivo qualquer. Por exemplo, um funcionário da empresa para a qual ele trabalha, revoltado com as condições desumanas com as quais é tratado, resolve fazer uma ameaça de bomba falsa. Só pra ver o circo pegar fogo. É, tem gente que tem cada uma. E aí, a empresa é evacuada às pressas, às 3 horas da tarde. O marido em questão, anteriormente referido como o outro cara, chega em casa às 3 e meia e pensa: "Puta, que sorte! Escapei do atentado terrorista e ganhei preciosas horas para curtir a vida em plena sexta-feira!" Ele chega em casa e pensa: "Por que não tomar uma cervejinha?" Por que não? Eu faria o mesmo. O cara abre a geladeira e tcharam, uma Bohemia Oaken, estalando de gelada. O cara bebe aquela delícia. E depois, bebe o que mais achar na geladeira com algum teor alcoólico. Aí, o primeiro cara, seu marido, chega em casa às vinte e duas e trinta. É, por que calhou de justo naquela sexta em que seu marido, no caso, o outro cara, saiu mais cedo, ele teve que ficar até mais tarde no trampo. A gente pode pensar, para que a história tenha mais verossimilhança, que, aqui entre nós, é uma coisa que eu prezo acima de tudo em qualquer história, que o cara trabalhe em um banco e era época de fechamento. Pois bem, o cara chega em casa às 22:30, e quem já trabalhou em banco em época de fechamento sabe que estou sendo até bacana com nosso personagem, e pensa: "Bom, pelo menos tenho aquela Bohemia Oaken pra tomar, pra compensar toda a encheção de saco do trabalho." Ele abre a porta do apartamento (Sim, apartamento, por que a probabilidade de um casal homossexual morar em um apartamento é muito maior do que de ser em uma casa. Um casal homossexual teria uma vida muito mais tranquila em uma grande cidade. É de conhecimento de todos que, infelizmente, ainda existe o preconceito para com os homossexuais. A Argentina já autorizou a união estável entre eles, seguindo o exemplo de alguns outros países da Europa, mas não sem polêmica. Porém, a verdade é que o preconceito ainda existe e costuma ser maior em cidades menores. Imagino que isso ocorra por que em uma cidade grande, existem mais pessoas. Onde há mais pessoas, há mais histórias. E onde há mais histórias, uma coisa que parece de outro mundo em um lugar onde há poucas histórias pode parecer trivial em um lugar onde há várias histórias. Acho que é por isso que há mais preconceito em cidades menores. Acontecem menos coisas em uma cidade menor e as pessoas acabam, em alguns casos, criando caso com coisas que na verdade não deveriam render tanto assunto, como os relacionamentos homossexuais. E em uma grande cidade, o custo para se viver em uma casa é altíssimo. Isso sem falar no medo que a maioria dos habitantes das grandes cidades têm de viver em uma casa. Num apartamento bacana você tem porteiro 24 horas, cerca elétrica, playground, e se for bem-sucedido, até piscina.)...
Voltando.
O cara abre a porta do apartamento e vê seu marido bêbado de cueca no sofá assistindo ao início do Globo Repórter. Desolador. Mas ainda tem a Bohemia Oaken. Tudo vai ficar bem. Ele desaperta o nó da gravata, pendura o terno em uma das seis cadeiras da sala de jantar e vai direto pra geladeira de aço escovado (super tendência!). Ao abrir a geladeira, surpresa! Cadê a Bohemia Oaken? Não está mais lá. Como também não estão os doze latões de Skol que eles haviam comprado por que estava barato (Depois da primeira desce até Nova Schin, mas Skol é bem melhor. Aqui emito uma opinião, e não um fato.) . Então a cena é essa: o cara de saco cheio descobre que a cerveja preferida não existe e nem paliativo sobrou por que o marido dele encheu a cara das 3 e meia até agora com tudo que tinha na geladeira. Se fosse uma mulher o bebum, ... deixa eu redigir isso para prevalecer o entendimento sobre a poesia... Se o bebum fosse uma mulher, o cara ficaria puto, tomaria um banho e amanhã esqueceria o acontecido. Mas o bebum é outro cara. É um cara que está de cueca no sofá do primeiro cara, com toda a cerveja da casa na barriga. Ah, bróder, isso dá porrada.
Imagino que num casamento entre duas mulheres também haveriam certas particularidades. Mas não quero entrar nesses detalhes pois não sei o que se passa dentro da cabeça de uma mulher. Nem o Chico sabe! O que me leva, como diria meu pai, à vaca fria.
Existe uma expressão assim: voltar à vaca fria. Que quer dizer voltar ao assunto inicialmente iniciado. Ficou feio, mas cê entendeu.
Então, voltemos à vaca fria. Não escrevo sobre como imagino que seria o casamento entre duas mulheres pois acho que estaria falando de coisas sobre as quais não entendo muito bem. No entanto, posso dizer que me parece que duas TPMs para um casamento é um pouco demais. Imagina como vivem aqueles sultões do Oriente Médio que se casam com várias mulheres? Haja TPM pra administrar!
À vaca fria!
O casamento heterossexual tem uma utilidade enorme para o homem (e imagino que para a mulher em igual proporção). O homem vai aprender um pouco mais sobre o universo feminino (sem jamais, no entanto, compreendê-lo por completo). Sim, caro leitor, por que não adianta ser criado pela avó, morar só com a mãe solteira ou divorciada, ou mesmo dividir um apê com a irmã e as primas. Não, nenhum relacionamento entre homem e mulher tem as nuances e cores do casamento. Como por exemplo a tentativa de esconder certas coisas, como peidos, arrotos, depilação, menstruação, etc, mas no casamento, uma hora tudo vem à tona: manias, nóias, as idiossincrasias (ah, vá consultar um dicionário!) de cada indíviduo. E se essas coisas já são estranhas naturalmente entre indivíduos do mesmo sexo, o que dizer quando você conhece o que acontece com o outro sexo?
Não, nós não somos iguais (Louvado seja o Senhor!). Somos diferentes pra caralho! Bioquimicamente falando mesmo. Admitamos (aceitemos) que todo ser vivo, inclusive os seres humanos, não passam de um saquinho de água cheio de solutos dos mais variados tipos. De indíviduo para indivíduo, até mesmo gêmeos univitelinos, há uma diferença enorme de como essas substâncias interagem e em que proporção elas estão presentes. O que dizer da diferença que existe entre o homem e a mulher?! E são algumas dessas substâncias que ajudam, até certo grau, a moldar a personalidade de cada pessoa. Se você ainda insiste em dizer que somos todos iguais, eu vou tentar clarear um pouco mais as coisas. Somos sim, ainda que só no papel, (quase) iguais perante a lei, em direitos e deveres. Mas qualquer mentecapto, só de observar os corpos, percebe a diferença que existe entre um homem e uma mulher. Ao se conviver então, as diferenças saltam aos olhos (aos ouvidos, ao nariz...). E essas diferenças têm muito a ver com aquelas substâncias que estão dissolvidas no saquinho de água que é cada pessoa. O lance é que as substâncias ingeridas até podem ser as mesmas, mas como elas serão processadas, depende de outras substâncias que já estavam presentes ali. E as substâncias que estão presentes ali foram formadas a partir de uma "receita de bolo" presente nas duas primeiras células (uma da mamãe e outra do papai) que deu origem a todo aquele ser humano resultante. Muita coisa interfere no resultado final: como se deu a concepção, como se deu o desenvolvimento do embrião, como se deu o nascimento do rebento, como se deu a criação do filhote até que ele ou ela atingisse a maturidade sexual e pudesse enfim, como manda o dogma da Igreja Católica, até o presente momento a religião predominante no país, também ele ou ela casar para então procriar. Mas nada, absolutamente nada, interfere tanto quanto qual cromossomo sexual o espermatozóide do papai que fecundou o óvulo da mamãe carregava: X ou Y?

Livremente inspirado no seriado Separação.

4 comments:

Jorge said...

Eae, Brunão! Muito bom o texto! Só espero que tenha me incluído nessa contagem de 'quase 3 leitores'... hahahahah Abraçãoo, cara!

Anonymous said...

Agora já são quatro, Bruno! Confesso, que nunca tinha entrado haha. Gostei muito do seu texto hehe. É divertido, e tem um rítmo muito bom. Tenho só que fazer uma ressalva: o marido homossexual provavelmente pegaria o outro de tapas, não de porradas kkkkk

abraços,
Rafa.

Guilherme Navarro said...

Cinco, então!

O texto flui de uma maneira muito harmônica, mesmo. Ainda que grande, em nenhum momento bate aquela preguiça normal que me acomete sempre quando vou ler algo maior. Conseguiu unir irreverência à seriedade sem manter o foco. Impressionante, muito legal mesmo.

Camila Marim said...

Uma ode à digressão... rs. Muito bom!