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26.3.16

Tá de sacanagem, né?

Ainda ressabiado, incrédulo, testou a porta. Com mais barulho do que gostaria, percebeu que ela estava aberta.

"Já vim até aqui..."

Ao começar a deixar a luz do corredor penetrar no quarto, ouviu gemidos. Continuou abrindo a porta e uma faixa vertical de luz revelou duas mulheres se despindo aos beijos. Uma delas, Yasmim, a menina que tinha acabado de beijar.

De imediato, sua reação seria perguntar o que estava acontecendo. Mas achou mais interessante descobrir por si só. Sem dizer uma palavra, e fazendo o mínimo de barulho possível, entrou no quarto e fechou a porta.

O silêncio e a escuridão. Enquanto seus olhos se acostumavam, disse em voz suave para que elas continuassem. Alguns segundos mais de silêncio e podia ouvir a respiração das duas. Seus olhos começavam a se acostumar e, com a pouca luz que entrava através das cortinas, conseguia identificar Fernanda sendo cavalgada por Yasmim. Yasmim se movia delicadamente, mas como se tivesse um pau e estivesse comendo Fernanda, bem devagarinho. Uma deliciosa encenação. As duas olhavam para ele com cara de fome.

Escorou-se contra a parede às suas costas e deixou seu corpo escorregar até se sentar no chão. O quarto ia se tornando cada vez mais claro. E as duas mais à vontade.

Distinguiu um sorriso nos lábios de Fernanda enquanto ela o chamava:

"Vem..."

9.12.13

O Primo

Fazia muito tempo que eu não o via. Muito tempo mesmo. Uns 5 anos no mínimo. Eu ainda estava no ensino médio. Nós sempre tivemos uma ligação muito forte. Um carinho especial um pelo outro. Quando convivíamos mais, na época em que tanto ele quanto eu ainda morávamos com nossos pais, a gente vivia grudado. Na minha festa de 15 anos, dancei com ele antes de dançar com meu namorado. Foi até um acidente. Mas foi ótimo por que, eu não pensava nisso na época, ele estaria sempre na minha vida. Ele era da minha família. O engraçado é que o meu namorico acabou naquele ano mesmo. Na festa, na hora da valsa com o namorado, eu não consegui encontrar o menino, e meu primo tava ali rindo da minha cara. Peguei ele pela mão e puxei pro centro da pista. “Cala a boca e faz cara de apaixonado.” Ele fez cara de assustado. Embora eu fosse mais nova e menor que ele, eu batia muito nele.
Eu estava no computador, revezando entre o facebook e o livro na minha mão que eu precisava resumir. Aí ele apareceu. Falando que minha tia ia vir pra minha cidade e ele viria com ela. “Você me leva pra sair sábado?”
Meu namorado morava em outra cidade. Parece que meu primo sabia estar onde os meus namorados não estavam. Na mesma hora, já combinei com a menina com quem eu morava de fazermos alguma coisa no fim de semana.
Ele chegou no sábado na hora do almoço. Tivemos um tempo para colocar a fofoca em dia, por que a menina que morava comigo teria prova na segunda e queria dar uma estudada durante o dia para sair sem culpa à noite. 
Eu sempre achei ele bonito. A gente até era bem maduro por que eu sempre lembro de conversar com ele e falar pra ele que era lindo. E ele também falava pra mim. E a gente ficava numa boa, sem climinha, sem ciúmes. Ficava numa boa. A gente não ficava. Entendeu?
Quando eu vi ele descendo do táxi com minha tia, ele parecia outra pessoa. Ele exalava masculinidade, com a barba por fazer, os cabelos do peito se projetando por cima da gola da camisa. Minha tia me deu um beijo rápido. Ela viera para visitar uma amiga no hospital e não poderia almoçar com a gente, provavelmente dormiria no hospital. Eu e ele fomos direto pra um restaurante que eu gostava, perto da minha casa.
“E aí? Eu vi as fotos da sua namorada. Ela é muito bonita.” Ele deu um risinho arteiro. “Cê não sabe o que eu fiz? Eu peguei uma menina na semana passada.”
Na mesma hora foi como se o chão se abrisse embaixo dos meus pés. "Meu mundo caiu..." Eu fiquei horrorizada. Xinguei muito. Como ele podia ter feito aquilo? E ainda me contar com aquela cara lavada? Aquela cara de menino sapeca? Aquele sorriso maravilhoso com aqueles dentes perfeitos? Parece que isso era uma coisa que gerava um sentimento muito ambíguo dentro de mim. Desde pequeno ele conseguia me fazer gostar mais dele quando fazia alguma coisa errada e ria, como se aquilo não fosse nada. Eu nunca tinha percebido isso. Até agora. Falar em voz alta me fez perceber isso. É assim mesmo que isso funciona?
Eu nem lembro dos detalhes. Nem lembro o nome da namorada dele mais. Também, isso foi há tanto tempo. Mas eu me lembro de ficar puta com ele, decepcionada. Parecia que eu que tinha sido traída. Eu sempre colocava ele numa aura de perfeição, mesmo sabendo muito bem que ele não era perfeito. 
Tomei um gole do suco e fui ao banheiro. E foi ali que senti alguma coisa diferente, que eu não conseguia acessar na hora. Parecia que eu tinha recebido uma boa notícia. Me deu uma vontade de rir incontrolável. E eu ri muito e depois chorei um pouquinho, por não entender o que estava acontecendo, o que eu estava sentindo. Acho que foi isso. 
Voltei pra mesa e tentei ser racional. Falei pra ele que eu tava muito decepcionada, mas que eu não tinha nada a ver com aquilo. Terminamos de almoçar e fomos dar uma volta no parque.
Durante toda a tarde -- depois do parque fomos ao shopping -- eu ficava olhando pra ele, observando como ele se comportava. Quando passava alguma mulher bonita, a maneira que olhava. Era discreto e ao mesmo tempo firme. Era quase imperceptível pra quem não estivesse prestando muita atenção. Mas pra mim... Eu pensava que ele era um tarado. Será que ele sustenta toda essa azaração? Será que se alguma dessas mulheres der mole, ele pega também? Será que se eu olhar pra ele assim, ele vai querer me pegar? Será que ele olhava assim mesmo pra todas essas mulheres ou era eu que via aquilo? Minha cabeça tava completamente zonza. 
No momento que eu não tava mais aguentando, a menina que morava comigo apareceu. Ela me salvou e nunca soube. Quando ela chegou os dois começaram a conversar. Meu primo era excessivamente sociável e ela era daquelas pessoas que conversam sobre qualquer assunto. Tive tempo pra respirar. Fui no banheiro, dei uma volta. Recebi uma mensagem do meu namorado. Nem lembro o que dizia, mas não respondi. Aquela mensagem parecia vir de uma outra dimensão, para um outro destinatário, uma outra eu que não aquela eu daquela hora. Acho que é o Nietzsche que disse uma vez que o mesmo homem nunca entra no mesmo rio duas vezes. Se não foi ele, foi alguém tão importante quanto ele. Nunca gostei muito desses filósofos. Só gosto das coisas que eles escreveram. 
O fato é que eu me sentia como se tivesse ido dar uma voltinha fora do rio. Fiquei calada o resto do dia. De vez em quando eu reprimia ele pelas coisas que ele falava. Tudo que ele falava me dava margem a uma interpretação que me fazia me sentir no direito de julgá-lo. Climão. Climão pesado.
Mas à noite, tudo melhorou. O que não melhora com vodka? A gente saiu prum barzinho e depois foi dançar. E eu relaxei. Ninguém flertou com ninguém. Ficamos os três lá como se só a gente existisse na balada. Parecia que a gente tinha voltado a ser criança. A gente tava brincando na pista, zoando, rindo. Fomos embora muito depois das 4 da manhã.
Meu primo ia dormir na sala. Eu ia dormir no quarto da menina que morava comigo e a minha tia já estava dormindo no meu quarto. A menina dormiu muito rápido e começou a roncar. Eu não conseguia dormir. Tava muito quente, insuportável, mesmo com o ventilador ligado. Levantei pra beber água.
A cozinha tinha duas portas. Uma que dava para os quartos e outra que dava para a sala. 
Assim que eu entrei, ele também vinha da sala. Entramos exatamente no mesmo segundo. Ficamos ali um tempo. Um segundo, um minuto, meia hora, não sei. Mas teve um tempo em que o tempo parou. Ficamos nos olhando de longe, sem dizer nada. E, de repente, avançamos em direção um do outro. Ele me agarrou. Forte. Agressivo. Colocou as duas mãos dentro do meu short, apertando a minha bunda com força. Eu puxava ele pra mais perto. Queria sentir fisicamente a presença do corpo dele.
Foi só aquela noite. No chão da cozinha. Sem camisinha. Morri de medo de engravidar. Como se não bastasse os transtornos óbvios que uma gravidez naquelas condições geraria, ele era meu primo!
A gente voltou a se falar mais. Pelo facebook, por mensagem, pelo telefone também. Nunca sobre o que tinha acontecido no chão da cozinha. Durante alguns dias parei de criticá-lo por ter ficado com outra menina. Me sentia uma hipócrita. 

Mas é muito fácil esquecer a nossa própria hipocrisia.

Acho que meu tempo acabou, né?

Dedico esse texto ao fescenino Ruben Fonseca e ao transgressor da moral e dos bons costumes ditados pela família cristã brasileira Nelson Rodrigues. 

 Dedico também ao assassino da família mineira Lúcio Cardoso.
Eles me aliviam um pouco da culpa de escrever sobre temas tão condenáveis... Quem ficou de pipiu duro levanta a mão?
Dedico ainda ao Navarro por ser tão subversivo quanto eu (ou mais?) e por ter me apresentado o seriado In Treatment, no qual eu obviamente me inspirei para escrever esse texto.

12.1.11

Água

Dentro da Água

As águas pesadas acertam minhas costas. Só ouço esse som e as batidas lentas do meu coração ao fundo. Finalmente preciso respirar e dou um passo a frente. Abro os olhos e a luz do sol me cega. Me acostumo à claridade e te reconheço. Só seus olhos me olham na flor da água: uma menina feita crocodilo que se prepara para dar o bote. Mas sei que, submersa, sua boca sorri pra mim. Me aproximo lentamente e deixo minhas mãos descobrirem as curvas do seu corpo nu. Agora as suas mãos também me procuram. E com minha cooperação me coloca em pé de igualdade com você: nada mais separa nossos corpos, a não ser a água que nos rodeia. Não nos tocamos mais, mas estamos próximos o bastante. Posso respirar seu hálito. Nossos lábios se resvalam. Sinto o toque leve de sua pele na minha. Já sei o gosto da sua língua antes mesmo de te beijar. E isso me faz sentir mais vontade.
Mesmo que ainda conseguisse raciocinar, as palavras ainda não foram criadas para descrever o que sinto em seguida.

23.5.10

Not Simple Past

People say I'm already lucky

Just because I tried it?
(Actually, there's more.)
All that because...
Once I knew what it was

Her hair, her voice, her touch, her scent, her taste

That's all I can put into words

If only I could wipe it out
I wish I didn't remember
But I can't fight it!

An arm, a leg, my reason
Just like her
A part of me

24.4.10

Just a Gardner

"Hello, little flower. Looking beautiful as always."
"Oh, my favorite gardner! What took you so long?"
"You know, places to go, people to see. I brought you some water."
"I love you, Mr. Gardner."

Some drops of water pour down on the little plant.
They smile at each other.

"I'm always happy when you come."
"No, little plant. I'm always happy when I come.
You're only happy in the sun.
And, right now, all I can give you is shade."
"Mr. Gardner, are you leaving again?"
"You know me better than that.
I'm only little drops of water
Dripping over your stem and beautiful petals...
God, you're so beautiful!
Sometimes, even I wish I could stay.
Farewell, now."
"Bye, Mr. Gardner. I hope you come here again soon."

12.3.09

A Última Vez

Me lembro da última vez. Você saiu do banho naquele seu roupão laranja com uma toalha enrolada na cabeça. Sorria e me pedia calma: “Primeiro, quero secar o cabelo”. Eu estava deitado na cama. Te observava. Não dizia nada. Você nunca secou o cabelo na sua vida.
Desenrolou a toalha devagarinho e começou a puxar as mechas de cabelo entre o tecido, ora esfregando, ora dando tapinhas. Eu te chamava. Você nem olhava pra mim. Só sorria e me mandava esperar. Enrolou de novo a cabeça com a toalha e, percebendo que eu me mexia, parou ao pé da cama e colocou as mãos na cintura.
O roupão entreaberto revelava seus segredos mais perfeitos. Recostei-me na cabeceira da cama. Você se sentou ao meu lado. Olhou pra mim e me beijou devagar. Não me abraçava. Mantinha suas mãos ao longo de seu corpo. Só sua boca era minha naquele momento. E era o suficiente. Apesar de só os nossos lábios e línguas estarem em contato era como se todo o meu corpo e todo o seu corpo fossem uma coisa só. Talvez os olhos fechados ampliassem essa sensação. De repente senti sua mão por trás do meu pescoço. Puxava meus cabelos. Parou de me beijar e se esticou na cama deitada de costas. Pediu que eu começasse devagar. Sempre usava essa palavra: devagar.
Te observei por alguns segundos. Queria que sua imagem penetrasse minha alma através das minhas retinas. Toquei seus joelhos e você estremeceu. Beijei-os levemente, explorando-os e indo lentamente para a parte de trás de suas pernas. Agora usava vigor, com a boca entreaberta, permitindo minha língua escapar aqui e ali. Subia lentamente pela parte interna de suas coxas. O cheiro, o gosto, a textura da sua pele, tudo me fazia querer morrer naquele instante. Queria levar desse planeta só aquilo. Subia mais e ouvia sua respiração, agora mais profunda. Quando alcancei sua virilha, suas mãos seguravam minha cabeça. Parei de usar os lábios. Troquei o toque da minha pele por assopradas leves. Até que não resisti mais e deixei minha língua penetrar enquanto minhas mãos se divertiam passeando por toda parte do seu corpo a seu alcance.
É difícil descrever o que acontecia nessas horas. Mas me lembro que à certa altura você sempre me interrompia e, entre gemidos, dizia: “Agora!”

20.2.08

Forte

Olho pro teto. O sono chega devagar. Estou inconsciente. Sei disso pois vejo seu rosto sorrindo. Minhas mãos deslizam pelo seu corpo, subindo da cintura, acariciando seus seios e, finalmente, chegam até o pescoço. Você continua sorrindo. Minhas mãos envolvem seu pescoço fino.
Começo a apertar. Cada vez mais forte. Você se debate, mas meu peso te subjuga. Percebo que seus lábios começam a ganhar uma coloração púrpura. Sua pele perde o rosado. Está pálida. De repente, não se move mais.
Acordo. Vou pro trabalho. Aquele sonho me perturba. Mesmo morta, ainda me domina.

20.1.08

Um Beijo Roubado

Você insiste: não!
Seus olhos te traem
Sua boca te entrega

Meus braços contornam sua cintura
Puxo seu corpo pra junto do meu
Estamos pele com pele

Seu sorriso me pede
E eu te agarro forte
Te beijo, te tomo o ar

Sua língua na minha
Novos mundos, outras dimensões

9.12.07

A Pele

Sento no sofá
E caio no sono
Acordo com você

Suas pernas já me envolvem
Seus lábios me acariciam
Seus braços ao redor do meu pescoço

Entre nós
Só nossas roupas
Tiro sua blusa
Sinto o calor molhado dos seus seios

Você se movimenta
Me obriga a me despir
Entro no seu mundo
Duas almas em expansão